Articulador do golpe 'com Supremo, com tudo', o senador
Romero Jucá (MDB-RR) comunicou, pelo Twitter, que comunicou a Michel Temer
ter deixado a liderança do governo federal no Congresso.
"Acabo
de comunicar ao presidente @MichelTemer que deixo a Liderança do Governo por
discordar da forma como o governo federal está tratando a questão dos
venezuelanos em Roraima", postou o senador no Twitter.
Diante da rejeição de
quase 100% dos brasileiros a Temer, políticos fazem de tudo para se afastar do
golpista, especialmente em período de eleições. Jucá foi eternizado como um dos
articuladores do golpe, com a frase de que haveria um acordo "com Supremo,
com tudo" para tirar Dilma Rousseff e colocar Temer no lugar.
Crise em
Roraima - Na semana passada, Jucá esteve no Planalto onde participou de uma reunião
sobre a imigração de venezuelanos e sugeriu que o governo fechasse
temporariamente a fronteira do estado. O objetivo, segundo ele, era evitar que
Roraima entrasse em "colapso". Desde antes, o Planalto já emitia
sinais de que não limitaria a entrada de estrangeiros no país por questões
humanitárias e também de acordos internacionais dos quais é signatário.
Até
o momento, o Palácio do Planalto ainda não se manifestou sobre o assunto nem
confirmou o teor da conversa entre Temer e o senador.
Adversário
O
senador disse que pretende atuar como "adversário" do governo na
questão de Roraima e que fará "muito barulho" para cobrar do governo
federal e de outros órgãos que os seus pleitos sejam aceitos. Ele negou
que a decisão tenha sido tomada tendo em vista a proximidade das
eleições.
"Há
dois anos eu defendi o fechamento da fronteira. Eu estava antevendo o problema,
e vai piorar, porque a Venezuela só piora. Depois da eleição, o problema continua.
Esse assunto vai se agravar ainda mais, será uma questão para o novo
presidente", afirmou.
Jucá
disse que não tem condições de defender Roraima, criticar o governo e ocupar o
cargo de líder. "Entre o cargo de líder, o governo federal, o estado e a
população de Roraima, que me elege e eu tenho que defender, é claro que eu opto
sem nenhuma dúvida pela população de Roraima", disse.
O
senador disse que o governo tem "boa vontade" para tratar dos
venezuelanos "mas não está focado no cerne da questão" que, segundo
ele, é o alto número de imigrantes que chegam por Roraima. "Eu não rompi
com o governo, mas nessa situação sou adversário do governo e portanto vou
cobrar todas as questões que o meu estado precisar. Eu sou hoje um
senador independente, o MDB apoia o governo, sou presidente do partido. Mas a
defesa do governo no Senado será feita pelo novo líder", disse, lembrando
que até decisão em definitivo quem assume a liderança é o atual vice-líder,
senador Fernando Bezerra (MDB-PE). [Informações
do brasil 247 e agenciabrasil / Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil]