Candidato a vice na
chapa de Lula, Fernando Haddad (PT) manifestou otimismo, em entrevista à Rádio
Metrópole, e disse acreditar que o Supremo Tribunal Federal vai
autorizar o ex-presidente a entrar na disputa eleitoral.
“Tenho
certeza que o Supremo vai rever. O processo que condenou Lula não para em pé”,
afirmou. “Se o TSE disser que não, tem o recurso no STF, justamente por esse
tratado aprovado pelo Congresso Nacional [com a ONU]. Se é lei no Brasil, cabe
recurso ao STF. Vamos aguardar até a semana que vem, quando devemos ter um
primeiro posicionamento do TSE, e depois vamos com a carta da ONU recorrer ao
STF. A decisão do Supremo pode contrariar a decisão da ONU, mas entendemos que
isso é forte o suficiente para garantir registro”, acrescentou.
Lula foi
condenado a mais de 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no
caso triplex do Guarujá (SP), e cumpre a punição na sede da Superintendência da
Polícia Federal, em Curitiba.
No
entanto, na avaliação do ex-gestor paulista, o processo progrediu devido à
parcialidade como foi tratado na primeira instância. "Eu acho que o Moro
não gosta de Lula. Tem uma questão ali. A maneira como ele trata o assunto, não
me parece assim que ele tem o distanciamento necessário para julgar com
imparcialidade. É como se fosse um juiz apitando um jogo com uma quedinha por
um time", comparou. "Ninguém está preocupado se Lula é culpado ou
não. Ninguém foi ler o processo. Eu li porque sou advogado de Lula. Eu li as
250 páginas da sentença de Moro. Está disponível na internet. Eu gostaria que
algum advogado me dissesse em que parágrafo das 250 páginas está a prova para
manter qualquer pessoa presa. Eu realmente gostaria que alguém me indicasse.
Estamos falando de 900 parágrafos. Me diga, 'está na página tal'. Se alguém me
apontar, talvez eu volte aqui e diga 'está tudo errado'", completou.
Aliança com Ciro – Haddad contou que houve uma esforço do
partido para que o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) integrasse na composição
petista.
“Eu me
reuni com Ciro algumas vezes e na verdade nós queríamos que Ciro estivesse na
chapa de Lula, mas a resposta foi negativa. Ele não quis. Para viabilizar uma
composição do PT com o PDT, para nós, o Lula era incontornável. Não queríamos
abrir mão da candidatura de Lula e o PDT não aceitou isso. Não aceitou essa
colocação e nós explicávamos para eles ‘como podemos abrir mão de uma candidatura
de um ex-presidente que fez tanto, que as pessoas estão pedindo? Vamos rifar
uma pessoa que a gente confia?’. Isso não torna o PDT pior ou melhor, mas foi
uma decisão que eles tomaram. Nós não abrimos mão, porque o povo não abriu
mão”, disse.| Foto : Clara Rellstab/Metropress