O candidato do PDT à
Presidência da República, Ciro Gomes, disse nesta segunda-feira
(27/8) defender a Operação Lava Jato, mas considerou que a ofensiva federal
contra a corrupção precisa ser mais equilibrada. Segundo ele, integrantes do
PSDB com “mil demonstrações de corrupção” não foram presos pelos
investigadores. As declarações foram dadas em sabatina ao Jornal Nacional, da
TV Globo. Tanto o noticiário quanto o Jornal das Dez, da GloboNews, iniciaram
nesta noite série de entrevistas com os presidenciáveis: Ciro compareceu a
ambos.
“A Lava Jato só prestará um
bom serviço ao Brasil se ela for vista pela maioria ou pelo conjunto da
sociedade como uma coisa equilibrada. Do lado do PSDB, não há nenhum na cadeia.
Claro, ela é muito importante, tem gente do MDB e do PT na cadeia. Mas não
há nenhum quadro, apesar de mil demonstrações de corrupção do PSDB, preso”,
afirmou Ciro Gomes.
O pedetista foi questionado
sobre declarações recentes nas quais criticou membros do Ministério
Público e do Judiciário. Em julho, Ciro Gomes afirmou que, caso seja eleito
presidente, restauraria a autoridade do poder político e colocaria juízes e
promotores em suas “caixinhas”. Para ele, suas falas foram deturpadas.
“Essas coisas são tiradas do contexto”, comentou.
Perguntado sobre
denúncias de corrupção relacionadas ao presidente do PDT, Carlos Lupi, o
presidenciável o defendeu. Afirmou que o líder pedetista terá lugar cativo
em seu eventual governo. Ao proteger Lupi, Ciro cutucou o presidente
Michel Temer (MDB). “Ele [Temer] é uma desgraça para o país. […] O senhor
Michel Temer tem ao seu redor Eduardo Cunha, Geddel [Vieira Lima], [Eliseu]
Padilha, Moreira Franco – todos notórios corruptos da vida brasileira”,
disparou.
Lula
Ciro Gomes
negou que sonhava com uma aliança com o Partido dos Trabalhadores para a formação
de sua chapa na corrida ao Palácio do Planalto. “Essa história de que eu
esperava apoio do PT jamais teve fundamento na minha vida”, disse.
Mas o pedetista voltou a
fazer um leve aceno a simpatizantes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
preso desde abril, após condenação em segunda instância na Lava Jato. Para Ciro
Gomes, o líder petista “fez muita coisa boa”.
“Lula não é um satanás,
como certos setores da imprensa e da opinião pública brasileira pensam. E
também não é um deus, um anjo, como certos setores metidos a religiosos do PT
pensam. Eu conheço o Lula há anos. Tive a honra de ser seu ministro. Foi um
presidente que fez muita coisa boa”, ressaltou. E u faço essa menção: Lula foi um bom presidente pro Brasil e o
povo sabe disso. Há 5, 7 anos atrás o Brasil estava melhor. E a população mais
pobre sentiu na pele as consequências de um bom governo. No governo Dilma
acabou. Mas não devemos comemorar o fato de o maior líder político do Brasil
estar preso", disparou.
O ex-governador do Ceará
defendeu a escolha da senadora Kátia Abreu (PDT-TO) como sua candidata a vice.
Indagado sobre a ligação da parlamentar com setores do agronegócio (o que pode
afastar votos de eleitores ligados à esquerda), Ciro declarou: “Nós nos
completamos”.
GloboNews
Depois de ser entrevistado no JN, Ciro foi sabatinado pelo Jornal das Dez, da
Globonews. O pedetista defendeu a recriação da Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira (CMPF) para financiar investimentos na saúde e
prometeu, se eleito, valorização de professores da educação básica. “Não é
possível que o magistério continue sendo tratado com a indignidade que é”,
disse.
Para Ciro, a crise
migratória de refugiados venezuelanos no Brasil é uma oportunidade para o
país recuperar a liderança da América Latina. “Tivemos que assistir
constrangidos a um arranhão terrível na imagem de generosidade que o Brasil tem
diante do mundo todo porque deixamos meia dúzia de fascistas desesperados
queimarem roupas de mulheres e crianças”, lamentou. “O Brasil precisa usar esse
episódio para restaurar sua natural liderança. Sem qualquer tipo de
hegemonismo, mas é nossa liderança”, advertiu o presidenciável.
Próximas entrevistas
O
candidato do PDT à Presidência da República foi o primeiro presidenciável a ser
sabatinado pelo Jornal Nacional e pelo Jornal das Dez. Nesta terça-feira (28/8),
o entrevistado das duas atrações será Jair Bolsonaro (PSL). Na quarta (28),
será a vez de Geraldo Alckmin (PSDB). Na quinta (30), Marina Silva (Rede) é a
entrevistada. A participação do ex-presidente Lula foi vetada: a TV Globo e a
GloboNews convidaram apenas os candidatos que poderiam participar
presencialmente dos telejornais.|metropoles / Foto reprodução tv globo