A
mídia conservadora, em especial os veículos da família Marinho, está em campanha
de ameaças explícitas contra o ministro Dias Toffoli, que assume a presidência
do Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro. O objetivo é impedir que o
sucessor de Cármen Lúcia assuma a cadeira com independência. Tudo converge para
a mesma alegação: Toffoli seria quase que um "infiltrado" do PT no
STF. O tom foi dado pela colunista Miriam Leitão, em O Globo, na última terça (10):
"Dias Toffoli é leal ao PT ou às leis?" -o artigo, em tom de
editorial, é assinado por Leitão, mas ela divide com outro jornalista, Merval
Pereira, a função de porta-voz informal da família Marinho.
É um festival de pressão e
ameaças, sem qualquer sutileza: "Toffoli vai assumir presidência do STF e
pode soltar Lula em julho" (Correio Braziliense); "Ex-advogado do PT
vai presidir o STF no auge do caso Lula" (Gazeta do Povo); "'Toffoli
é o Favreto do Supremo'" (O Estado de S.Paulo); "O Brasil não vai
aguentar Dias Toffoli na Presidência do STF" (Jovem Pan).
Os comentaristas da Globo News, da
rádio CBN e outros veículos dos Marinho a todo momento cutucam Toffoli,
apontando sua ligação passada com o PT como se fosse uma advertência. Mesmo o Valor Econômico,
também da família Marinho, que se apresenta como uma voz "racional e
equilibrada" do mercado, não escapa à tentativa de estigmatizar o
ministro. Em reportagem publicada nesta sexta (13) que busca se diferenciar do
espírito de campanha aberta dos demais veículos da casa, o texto, lá pelas
tantas, carimba: "Toffoli trabalhou arduamente no Supremo para se livrar
do selo petista carimbado em sua testa. Trata-se, porém, de um passado de
intimidade com o partido. A lista é longa: foi colaborador do governo de Luíza
Erundina na Prefeitura de São Paulo, quando ela era do PT, no início dos anos
90; consultor Jurídico do Departamento Nacional dos Trabalhadores Rurais da CUT
Nacional de 1993 a 1994; assessor parlamentar na Assembleia Legislativa do
Estado de São Paulo em 1995 (do deputado Arlindo Chinaglia, do PT); assessor
jurídico da liderança do PT na Câmara de 1995 a 2000; advogado eleitoral das
duas campanhas vitoriosas do ex-presidente Lula (em 2002 e em 2006); subchefe
para Assuntos Jurídicos da Casa Civil na gestão de José Dirceu (de janeiro de
2003 a julho de 2005) e advogado-geral da União (de março de 2007 a outubro de
2009)" (a íntegra pode ser lida aqui).
Não há registro de reportagem
similar para a longa trajetória de Alexrande de Moraes com o PSDB.|brasil247 / Foto reprodução