A última
vaga no “time” principal do governo estadual na disputa eleitoral majoritária
na Bahia foi preenchida por Angelo Coronel (PSD), como já se especulava dentro
e fora das quatro linhas imaginárias do campo político. O treinador, que neste
caso também entra em campo, Rui Costa (PT) optou pela representatividade do pragmatismo
político ao escolher o PSD em detrimento da senadora Lídice da Mata.
Esta é a conta que foi feita. Lídice tem legitimidade, história
e serviços prestados ao espectro da centro-esquerda baiana, contudo, não soube
(ou quis) ao longo dos anos trabalhar a capilaridade de sua legenda no estado.
O crescimento do PSB foi na força individual de suas lideranças. Dos vereadores
ao deputado federal com mandato, o cargo está na esfera do particular e não
entrega musculatura partidária.
Por outro lado, Coronel, presidente da Assembleia Legislativa,
está em um partido verticalizado, mas com envergadura para não quebrar
facilmente e com comando político, exercido de diversas maneiras, real e com
capacidade de entregar aquilo que promete em voto, apoio e realização. O que
Rui Costa como pragmático político não contraria. O petista tem esta marca e
dificilmente abriria mão desta característica.
A decisão não foi simples e nem teria como ser. Lídice tem
argumentos contundentes para buscar espaço. Por outro lado, Coronel também os
tem. A indignação de setores mais a esquerda da composição tende a ser amainada
com o tempo de decantação. O problema é saber como a senadora vai reagir, a
tese é de que irá para disputa de uma vaga na Câmara dos Deputados e manterá a
aliança.
Há ainda a possibilidade, um desenho menos provável, de Lídice
ser suplente de Jaques Wagner na outra vaga ao Senado. Interessante que em
todas as costuras há uma quase certeza das tendências política de que a chapa
logrará êxito eleitoral em todas as três frentes de disputa: governo e duas
cadeiras para o Senado. O vice não é decorativo, mas vem a reboque do cabeça.
No desenho desta segunda Lídice será candidata à Câmara e Bebeto
Galvão, deputado federal, será o suplente de Wagner. No entanto, terça (19), a
senadora realiza uma plenária. Vai marcar posição e informar, discutir e
estabelecer estratégia com a sua base. Não se sabe se anunciará a decisão
durante o ato político, mas o fato está consumado.
Disputa —
A disputa entre Lídice e o PSD foi interessante e com poucos “ataques abaixo da
linha de cintura”. Houve momentos em que rusgas foram disparadas e nota plantadas,
mas nada que fugisse do controle dos condutores do processo Rui Costa e Jaques
Wagner.
Em um destes episódios tentaram “vender” ao PT a informação de
que Otto Alencar, presidente estadual do PSD, estava ficando muito forte e que
seria contraproducente deixar o partido ter dois senadores. Fora isso, foi dito
também que o partido conseguiu a densidade conquistada em 2016 por conta das
condições dadas pelo próprio governo.
As secretárias estaduais de Infraestrutura e Desenvolvimento
Urbano, além da Agerba e outros espaços de fato são privilégios que os
pessedistas tiveram. Entretanto, não tiveram por acaso. Foram determinantes nas
vitórias petistas e isso pode até provocar sensações ruins em petistas, mas não
pode ser ignorada.
Para além, colaboraram com as gestões. Na ALBA, o PSD tem a
segunda maior bancada na base governista. Tem cinco deputados federais e
durante parte da legislatura manteve um fora abrindo espaço para o PCdoB e PT
(Davidson Magalhães e Robinson Almeida, suplentes, assumiram o mandato de
deputados federais por conta dos licenciados Josias Gomes – PT e Fernando
Torres – PSD).
No campo da disputa eleitoral de território, o PSD também
conquistou espaço na briga pela presidência da União dos Municípios da Bahia
(UPB). Numa queda de braço com uma ala ligada ao prefeito ACM Neto (DEM), o
prefeito de Bom Jesus da Lapa, Eures Ribeiro, com as bênçãos de Otto Alencar,
venceu aquela eleição e vale frisar: substituindo Maria Quitéria, do PSB na
época, no alto comando. O fato ajudou a enrijecer a sigla social
democrata.
O governador prometeu anunciar a chapa no início de junho. Mudou
para a primeira semana, para a segunda e ao que tudo indica somente o fará
quarta (20), após a plenária de Lídice. Se por um lado a confirmação oficial
tende a ser feita na quarta, a extraoficial deve ganhar a rua na noite desta
segunda (18) ou na terça mesmo.
Suplência —
Outro espaço para Rui preencher nas próximas horas é da suplência de Coronel.
PCdoB larga na frente, mas não há definição.|bocaonews