A Confederação Geral do Trabalho (CGT) anunciou que
vai parar a Argentina nesta segunda-feira (25), em reação à política
econômica adotada pelo governo. É a terceira greve geral em dois
anos e meio da gestão do presidente Mauricio Macri.
A paralisação atinge o transporte
publico, os postos de gasolina e os bancos. Movimentos sociais de esquerda
cortarão as principais vias de acesso à capital, Buenos Aires. Amanhã (26), os
argentinos enfrentam outro desafio: derrotar a seleção da Nigéria, no jogo na
Rússia. Sem essa vitória, o país ficará fora da Copa do Mundo de Futebol.
Às vésperas das paritárias, as
negociações entre sindicatos e empresários, as centrais sindicais tomam a
paralisação como demonstração de força. Paralelamente, a paralisação ocorre
cinco dias após o primeiro desembolso dos US$ 50 bilhões que o Fundo Monetário
Internacional (FMI) colocou à disposição do governo argentino.
A medida vale pelos próximos 36 meses
e tem o objetivo de ajudar o país a superar a crise cambial e colocar as contas
em ordem. Em troca do empréstimo, o governo se comprometeu a reduzir os gastos
públicos e a inflação, que este ano deve chegar a quase 30%.
Centrais sindicais prometem uma
paralisação de 24 horas, que ganhou o nome de reação ao “brutal ajuste econômico”
imposto pelo FMI. Para alguns setores da economia, o momento atual é
comparado à crise de 2001, apontada como a pior da história recente da
Argentina.
Reivindicações
Os diferentes sindicatos têm pauta
comum: reajuste de salários para combater a elevação do custo de vida, que em
2017 chegou a 25%. Também reivindicam garantias para evitar demissões.
Por sua vez, o governo anunciou que
vai reduzir o tamanho do Estado e o programa de obras públicas – que esperava
usar para reativar a economia e gerar empregos. O ministro da Fazenda, Nicolas
Dujovne, disse que o crescimento econômico será menor e a inflação será maior
do que o esperado. Segundo ele, o acordo com o FMI impediu o agravamento da
crise.
Desde dezembro, o peso
argentino perdeu metade de seu valor. Segundo o presidente do Banco Central
argentino, Luis Caputo, a desvalorização terá um custo no curto prazo.
“Foi o melhor que pode ter acontecido”, resumiu Caputo,
informando que a medida obrigou a Argentina a buscar o apoio do FMI e estabilizar
a economia.
Pressão
O ministro do Trabalho, Jorge
Triaca, afirmou que a greve geral “não serve para coisa alguma, porque não vai
resolver os problemas dos argentinos”. Segundo ele, o objetivo da gestão Macri
é manter o diálogo com as centrais sindicais. O sindicato dos caminhoneiros
ameaçou parar o país e voltou atrás, após conseguir aumento de 25%. Mas outras
categorias não obtiveram o mesmo.
A Igreja Católica também
divulgou um documento, apelando ao governo para não adotar políticas de ajuste
que aumentem a desigualdade. Em nome do papa Francisco, que é argentino,
religiosos apelaram para que o interesse social se sobreponha ao econômico.
O governo e o próprio FMI têm
ressaltado que o atual programa vai garantir a manutenção dos programas
sociais, para proteger os “mais vulneráveis”|agenciabrasil / Foto reprodução