O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "liberou"
o PT para conversar com outros partidos de centro-esquerda visando uma aliança
eleitoral para o segundo turno da eleição, conforme relato da presidente
nacional do partido, Gleisi Hoffmann, e o ex-prefeito de São Paulo Fernando
Haddad, que visitaram o petista na sala especial onde está preso há 40 dias, na
Polícia Federal, em Curitiba.
Para o primeiro
turno, o partido ainda insiste no registro da candidatura do petista e alega
que ele pode concorrer e até ser eleito, mesmo preso e condenado em segunda
instância, segundo a presidente da legenda. "Ele tem até sua diplomação
para levantar sua inelegibilidade."
Gleisi reconheceu,
no entanto, que Lula tem o risco de ser impedido pela Justiça Eleitoral de
concorrer. "No primeiro turno, nós teremos candidato, será Lula. No
segundo turno, ele vai vencer e queremos fazer uma composição. Se não for ele,
nós vamos ver quem da esquerda foi para o segundo turno. Se lá na frente nada
der certo, o presidente saberá encaminhar o processo junto com a direção do PT."
A dirigente afirma
que a Lei da Ficha Limpa, que considera inelegível condenados em segunda
instância, não impede que políticos concorram quando há possibilidade de
reversão em seus processos judiciais. Gleisi deu o exemplo da eleição de Walter
Tenan (MDB) como prefeito de Porecatu (PR), em 2008. O político foi eleito
enquanto estava preso e assumiu posteriormente.
Os petistas
destacaram que vão continuar em conversas com os partidos de esquerda, mas que
o objetivo é discutir programas, e não alianças eleitorais. Haddad, que
coordena o programa de governo de Lula, disse que o ex-presidente reafirmou que
o plano precisa ser "ousado" e na linha do que ocorreu durante seus
governos.
O ex-prefeito
afastou a possibilidade de ser um "plano B" para o PT e falou que
visitará os governadores do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), cujo partido lançou
a pré-candidatura de Manuela d'Ávila, e de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) e da
Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB). Após a desistência de Joaquim Barbosa, o PSB
ainda não definiu seu rumo nas eleições de outubro. "É do interesse dele
(de Lula) de que os partidos progressistas que se opõem ao governo Temer, que
essas forças progressistas, mantenham o diálogo, independente de ter candidato
próprio", disse Haddad.[em / Foto: Theo Marques/FramePhoto]