Com produção diária de cerca de 120 toneladas de lixo, a cidade de Alagoinhas, viu seu aterro sanitário, um dos 43 existentes no estado, num universo de 417 municípios, ser transformado em lixão durante oito meses. Foi o tempo que durou entre o impasse da Prefeitura local com a empresa ART Construtora – que, sem receber, deixou de realizar a manutenção no aterro – e a contratação emergencial de outra empresa para realizar o serviço, retomado no início deste mês.

Questionada sobre quanto deixou de pagar à ART Construtora, o secretário municipal de Serviços Públicos, Harnoldo Silva Azi, informou que não tinha o valor e que o problema com a empresa foi na gestão passada, durante o ano de 2016. 

O trabalho, agora, é recuperar o dano ambiental, sobretudo o solo, que ficou com uma camada de 3 a 5 metros contraminada pelo lixo jogado a esmo no aterro. A área ocupada por ele é do tamanho de dois campos de futebol e meio.

A Sustentare Saneamento, empresa paulistana contratada por R$ 1,2 milhão, pelo prazo de seis meses, numa licitação emergencial, informou que prevê o deslocamento de cerca de 30 mil toneladas de lixo despejados de forma irregular.

Ajustamento - A Prefeitura deu início aos trâmites do contrato emergencial após assinar em 28 de novembro de 2017 um termo de ajustamento de conduta (TAC) com o Ministério Publico do Estado (MP-BA).

O TAC prevê também que o Município apresente, até dezembro de 2019, o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos e estabelece que a Prefeitura incentive no plano a participação de cooperativas ou outras formas de associações de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis.
No aterro, o lixo é jogado em espaços chamados de células, que são buracos de 5 metros de profundidade por 7,5 mil metros quadrados de área onde resíduos sólidos são compactados com terra e há sistemas de escoamento do chorume e gás metano.

Há apenas duas células no aterro, uma delas já com vida útil ultrapassada e a outra – que vinha recebendo o lixo de forma desordenada –, já no limite. A Prefeitura de Alagoinhas prevê a construção de uma terceira célula ainda este ano.

No limite - O aterro, do jeito que estava, com aspecto de lixão, “em mais alguns dias não ia poder receber os caminhões de lixo”, informou o engenheiro civil e sanitarista Joaquim Neves, à frente dos serviços da Sustentare em Alagoinhas.

“Já promovemos uma limpeza na área e já reduziu a geração do chorume. Os serviços que chegam estão sendo depositados na área prevista e não mais irregularmente. Estamos colocando resíduos nas duas células”, afirmou Neves.

Segundo o engenheiro, o lixo acumulado nesses oito meses criou uma camada de cerca de 2 metros. “Vamos demorar de dois a três meses para cobrir a camada de lixo com terra e fazer a drenagem de gases e a fluvial”, disse ele.

Lençol freático - O fato de o lixo estar sendo jogado de forma irregular no aterro levantou suspeitas sobre a possibilidade de contaminação do lençol freático da cidade, onde está localizado o Aquífero São Sebastião, cuja água é considerada pelo Ministério de Minas e Energia como de alta qualidade.

Em Alagoinhas, captam água do aquífero duas empresas de cervejaria e uma fabricante de refrigerante e água mineral. Mas as captações são feitas a cerca de 100 a 150 metros de profundidade, de acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM).

“Não vemos motivo para preocupação quanto à contaminação do aquífero. A não ser que fosse um problema que durasse por muito tempo – dois a três anos. Aí poderia chegar até o aquífero pelo lençol freático, mas não foi o caso”, disse o chefe de fiscalização da ANM em Salvador, Cláudio Lima. As informações são do site Correio24horas.

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