É uma resposta à decisão de Trump de
sobretaxar importações de aço e alumínio
O ministro da Indústria, Comércio
Exterior e Serviços, Marcos Jorge, disse que o Brasil apresentará recursos em
dois órgãos do governo dos Estados Unidos contra a decisão do presidente Donald
Trump de sobretaxar as importações de aço e alumínio, e que vê chances de o
Brasil não ser atingido pela medida.
"Ficou claro na fala do
presidente Trump que países que não representam riscos aos Estados Unidos e não
tenham déficit comercial com eles poderão ser excluídos. É o caso do Brasil.
Vamos recorrer dentro do processo nos Estados Unidos com todas as medidas
possíveis", afirmou. "Queremos que o Brasil seja excluído, assim como
o Canadá e o México."
Na quinta-feira (8), Trump assinou decreto oficializando a
sobretaxa de 25% nas importações de aço e de 10% nas de alumínio, o que
atingirá a indústria brasileira. De acordo com Jorge, a estratégia será
apresentar recursos no Departamento de Comércio norte-americano e no Escritório
de Representação Comercial dos EUA (USTR) contra a decisão no prazo de 15 dias.
"Vemos a possibilidade de sermos excluídos da medida ainda no âmbito
bilateral."
No
recurso, o Brasil reforçará o argumento de que a balança comercial entre os
dois países é superavitária para os Estados Unidos nos últimos 10 anos e que há
uma complementaridade na indústria siderúrgica entre os dois países, uma vez
que mais de 80% do aço exportado para os EUA pelo Brasil é semiacabado.
Além
disso, o governo avalia em que momento recorrer à Organização Mundial do
Comércio (OMC) contra a medida, o que poderá ser concomitante aos recursos
apresentados nos EUA. "Ainda não está definido o momento, o que já está
definido é que vamos recorrer a todas as instâncias", disse Jorge.
Retaliação.
O ministro, no entanto, evitou falar sobre retaliar outros produtos, apesar de
fazer questão de dizer que isso não está descartado. Ele não quis adiantar que
tipo de produto poderia ser sobretaxado em retaliação.
"Vamos
primeiro trabalhar essa via do recurso. Nos parece que o Brasil está dentro dos
critérios que foram definidos com todas as condições para a exclusão",
afirmou. "O que nós queremos como parceiro estratégico dos Estados Unidos
é sermos tratados de forma justa", disse
Em
paralelo, o setor privado também está se movimentando. Representantes de
indústrias siderúrgicas contrataram escritórios para entrar com ações na
Justiça americana e pressionam consumidores do aço brasileiro, que, por sua
vez, pressionam parlamentares e representantes da administração de Trump para
excluir o Brasil dos efeitos da medida.
Retórica.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que as medidas adotadas pelo
governo dos EUA de impor tarifas de 25% para o aço e de 10% para o alumínio
importados não foram bem recebidas por investidores em geral. "Obviamente
há uma desaprovação grande, porque prejudica a economia americana. Beneficia o
setor de aço americano, mas prejudica a indústria americana como um todo e em
última análise o consumidor."
Segundo
o ministro, o protecionismo é algo negativo em nível global. "A
experiência do passado mostrou isso. Houve uma onda protecionista muito grande
na década de 1930 e o resultado foi desastroso para o mundo todo. Existe uma
expectativa de que a guerra comercial seja mais retórica."
Um
dia depois do anúncio de Trump contra o aço brasileiro, os países do Mercosul
lançaram ontem no Paraguai o início das negociações para um acordo de
livre-comércio com o Canadá. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.