Em entrevista concedida à uma rádio em Alagoinhas, nesta
quinta-feira (01), o deputado estadual Joseildo Ramos, líder do Partido dos
Trabalhadores na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), voltou a falar sobre a
recente condenação do ex-presidente Lula e comentou os resultados da pesquisa
Datafolha divulgada ontem (31), que mensura os possíveis impactos da medida
judicial na disputa eleitoral que ocorrerá este ano. “Querem tirá-lo do
processo à força, mas não vão ganhar assim. A última pesquisa aponta claramente
que com ou sem Lula, o campo progressista tem vantagem nas eleições porque ele
é o maior transferidor de votos. Não é possível que irão também tampar a boca
dele”, afirmou se referindo à possibilidade do ex-presidente apoiar outro
candidato se considerado inelegível pelo TSE.
De acordo
com os dados da Datafolha, Lula ganharia contra todos os adversários propostos
tanto no primeiro quanto no segundo turno, aparecendo com até 37% de intenção
de voto. Ainda segundo informações da pesquisa, embora o deputado Jair
Bolsonaro (PSC) lidere em um cenário que não tenha Lula como candidato, o
ex-presidente ainda exerce forte impacto como influenciador de votos. No caso
de ser efetivamente impedido de participar das eleições, um candidato indicado
por ele seria apoiado “com certeza” por 27% do eleitorado e 17% das pessoas
afirmaram que considerariam essa indicação na hora do voto.
Condenação
Ainda em
entrevista, Joseildo fez duras críticas à atuação do Poder Judiciário durante o
julgamento do ex-presidente Lula, condenado em segunda instância pelo TRF-4 no
último dia 24 de janeiro. “A Justiça está se sobrepondo, sem limites e sem
controle social, aos demais poderes. A política está judicializada. Não estou
falando isso para defender o meu presidente, estou falando por ele e pelos
outros”, argumentou.
Para o
parlamentar, apesar dos “méritos incontestáveis da Operação Lava-Jato”, a
Justiça demonstrou desrespeito à Constituição brasileira ao condenar Lula por
um motivo diferente daquele apresentado na denúncia original do Ministério
Público Federal, e por permitir a continuidade do processo, uma vez que o
próprio juiz Sérgio Moro explicitou em sua sentença nunca ter sustentado a tese
original de que a propina adveio de verbas oriundas dos contratos da Petrobras.
“Quando você condena por algo diferente da peça acusatória, o julgamento está
inválido porque isso restringe o direito da ampla defesa. Mas o corporativismo
dos desembargadores demonstrou que o poder judiciário do Brasil tem sido
bastante criativo, inaugurando condutas não previstas no ordenamento jurídico.
Algo que, inclusive, recebeu posicionamento crítico até da ONU”, afirmou.[Ascom/Joseildoramos - Foto reprodução]