Caso a reforma da Previdência seja aprovada, o governo tem entre seus próximos passos elevar a idade mínima para idosos pobres receberem benefício assistencial.

“A idade do BPC, em aprovada a mudança da idade da Previdência, tem que subir um pouco”, afirmou Alberto Beltrame para o jornal Folha de São Paulo.

Beltrame é secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento Social e ministro em exercício da pasta, que é responsável pela política de assistência.

O BPC (Benefício de Prestação Continuada) é um benefício de um salário mínimo (atualmente R$ 954) dado para idosos (acima dos 65 anos) e para pessoas com deficiência que tenham renda abaixo dos R$ 238,50 por pessoa.

A primeira versão da reforma da Previdência, apresentada pelo governo federal em dezembro de 2016, desvinculava o valor do benefício do salário mínimo e aumentava a idade mínima para recebimento para 70 anos.

A segunda versão, aprovada em abril de 2017 por comissão especial da Câmara, suavizava as mudanças, mantendo o benefício vinculado ao salário mínimo e subindo a idade para recebimento em 68 anos.

A terceira versão, apresentava em novembro pelo relator Arthur Maia, tirava todas as mudanças do BPC e deixava o benefício como está.

A exclusão de mudanças que afetam os mais pobres seria coerente com a campanha publicitária do governo de que a reforma vai na direção de “combate aos privilégios”.

Publicamente, o governo trabalha com o calendário de aprovação da proposta fixado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ): 19 de fevereiro. 

Contribuição
Se a reforma da Previdência passar, o Brasil passará a ter, com transição até 2036, uma idade mínima de aposentadoria para trabalhadores urbanos de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres.

Mas de acordo com Beltrame, ter idade mínima para aposentadoria (um sistema contributivo) no mesmo patamar do BPC (não contributivo) “pode ser desestimulante à contribuição” à Previdência.

A ideia então seria, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, subir a idade necessária para recebimento do BPC em um ano a cada dois anos.

A mudança de 65 para 68 anos levaria, portanto, seis anos. O ministro garante que as pessoas que já recebem o benefício não seriam afetadas.

Ao contrário da reforma da Previdência, que é uma emenda constitucional e precisa de uma maioria de dois terços de Câmara e Senado para passar, a mudança na idade do BPC poderia ser feita por meio de lei ordinária com necessidade apenas de maioria simples.

Aprovação

Mas o esforço de comunicação do governo pode não ter sido em vão ao trazer foco para a questão e com isso aumentar a chance de aprovar uma reforma em 2019.


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