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Polícia Federal abriu mais uma frente de investigação sobre lavagem de dinheiro
contra o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB). Desta vez, os investigadores
veem indícios de lavagem de dinheiro do peemedebista por meio de “falso aluguel
de maquinário agrícola” para as fazendas do ex-ministro. Os pagamentos sob
suspeita somam pelo menos R$ 6,3 milhões.
A informação consta em relatório entregue no dia 29 de novembro
pelo agente da PF Arnold Fontes Mascarenhas ao ministro do Supremo Tribunal
Federal Edson Fachin, relator do inquérito do “bunker” de R$ 51 milhões. Em
dezembro, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, denunciou Geddel no
caso do “bunker”. O ex-ministro está preso em Brasília.
A suspeita dos investigadores é de que
o esquema envolvendo o ex-ministro se utilizava da empresa JR Terraplanagens,
de propriedade de Valério Sampaio Sousa. Sousa, que se apresenta como
administrador de propriedades agrícolas do ex-ministro, é apontado como “o
funcionário informal” de Geddel responsável por elaborar os supostos falsos
aluguéis de maquinário agrícola.
No
documento, a PF cita que Geddel é dono de 12 fazendas no interior da Bahia, que
totalizam área de cerca de 9 mil hectares, com valor de R$ 67 milhões. “Apesar
dessa alta quantidade, o aluguel de um número elevado de máquinas agrícolas,
trabalhando muitas delas por mais de 12 horas diárias, ao longo de mais de três
anos, torna tal prestação de serviço suspeita à pratica de delitos”, diz o
relatório.
Ainda segundo a PF, a JR Terraplanagens, “aparentemente, não
possui uma estrutura condizente com um estabelecimento comercial capaz de
alugar cerca de 15 máquinas agrícolas, por um período de 36 meses, tampouco
adequada ao volume de dinheiro que supostamente receberia frente a grande
quantidade de serviço prestado”. Para os investigadores, anotações e planilhas
apreendidas “geram informações relevantes à presente investigação dada a
presença de indícios de possível lavagem de dinheiro por parte do investigado
Geddel Quadros Vieira Lima”.
Origem
A PF elaborou o documento sobre a suposta lavagem envolvendo
fazendas de Geddel a partir de documentos apreendidos no apartamento da mãe do
peemedebista, Marluce Vieira Lima, na Operação Tesouro Perdido. Desdobramento
da Operação Cui Bono?, que apura desvios na Caixa, a Tesouro Perdido encontrou
o “bunker” dos R$ 51 milhões.
Entre os documentos há papéis relativos às propriedades do
ex-ministro, à compra e venda de gado, inventário e planilhas com informações
sobre tratores, além de uma agenda. “Na agenda apreendida, dentre as
informações contidas destacamos o controle detalhado da quantidade de horas e
do valor-hora de cada máquina, em tese alugadas na JR Terraplanagens Ltda. para
as propriedades agrícolas da família”, relata a PF.
“A principal planilha contém duas tabelas, ao lado esquerdo tem-se
os pagamentos realizados pela família Vieira Lima à JR (R$ 6,3 milhões), ao
passo que na tabela do lado direito temos o total devido à referida empresa
pelo suposto aluguel das maquinas agrícolas (R$ 7,1 milhões)”, diz o relatório.
Residência
A PF chegou a fazer vigilância no local de funcionamento da
empresa JR Terraplanagens, e concluiu que na sede da empresa “há tão somente a
residência do sr. Valério, não havendo qualquer placa indicando o funcionamento
de um estabelecimento comercial”. “Segundo moradores locais, Valério trabalhava
com máquinas pesadas, mas em um negócio pequeno, possuindo no máximo dois ou
três maquinários agrícolas, quantidade essa muito inferior a apontada no
controle de gastos de Geddel”, afirma a PF.
A reportagem entrou em contato com a defesa de Geddel, mas não
obteve resposta. Em 24 de novembro, Valério Sousa compareceu à Polícia Federal
em Vitória da Conquista (BA) para prestar esclarecimentos. Ele disse, segundo a
PF, que recebeu por serviços prestados, mas deixou de fornecer nota fiscal
porque o custo de emissão do recibo era muito alto. Nesta terça-feira, 26,
Sousa não foi localizado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo / Pedro Ladeira/Folhapress