Luciano
Huck confirmou nesta segunda-feira (27) que não será candidato à Presidência da
República, em 2018, em um artigo publicado no jornal "Folha de S.
Paulo". Huck disse que está fora da disputa presidencial e destacou que
seus pais, sua mulher Angélica, seus filhos, seus familiares e seus amigos
próximos o impediram que o "deixasse levar pelos sons dos chamados quase
irresistíveis". A informação já havia sido antecipada pelo
colunista do jornal O Globo Lauro Jardim.
"Quem se
interessa pelo que sou e faço pode acreditar: vou atuar cada vez mais, sempre
de acordo com minhas crenças, em especial com a fé enorme que tenho neste país.
Contem comigo. Mas não como candidato a presidente", disse o apresentador
no artigo. Ele prometeu ir "além da voz amplificada pela televisão, do eco
das redes sociais e do instituto que criou para ajudar e agregar ao país.
"E, para isso, não são necessários partidos, cargos, nem eleições".
"O momento de
total frustração com a classe política e com as opções que se apresentam no
panorama sucessório levou o meu nome a um lugar central na discussão sobre a
cadeira mais importante na condução do país (...) Mas tenho hoje uma convicção
ainda mais vívida e forte de que serei muito mais útil e potente para ajudar
meu país e o nosso povo a se mover para um lugar mais digno, ocupando outras
posições no front nacional", afirmou Huck.
Huck
afirmou que pensou muito sobre sua enorme paixão e curiosidade sobre as pessoas
que o cercam. "E a sensação de "intimidade" que meus mais de 20
anos de televisão provocam nas pessoas possibilita conversas instantaneamente
francas e verdadeiras (...) E foi essa permanente "bateção de perna",
sempre " in loco", que me tirou definitivamente da zona de conforto e
me fez ver: O Brasil está sofrendo demais — especialmente os mais pobres, mas
não apenas eles— para ficarmos passivos e reféns deste sistema político velho e
corrupto", disse no texto.
Especulação
Huck tem uma
reunião com o Agora! nesta segunda-feira. Ele também estará presente em um
evento da revista Veja. O presidente nacional do PPS, Roberto Freire (SP),
afirmou que não foi informado por Huck de sua eventual decisão. Mas duas fontes
com acesso ao apresentador contam que ele já teria concluído por não disputar.
Na última
quinta-feira, dia 23, a pesquisa Barômetro Político Estadão-Ipsos revelou que a
aprovação de Huck subiu para 60%, a maior entre todos os demais nomes cotados
para a disputa presidencial do próximo ano. A partir da divulgação dos dados,
as pressões para que o apresentador declarasse sua candidatura se
intensificaram.
Huck teria
decidido antecipar o anúncio de sua decisão do dia 15 de dezembro para esta
segunda por temer que as pesquisas o colocassem num patamar que tornasse o
recuo inviável. Embora o levantamento do Estadão-Ipsos não tenha relação com
intenção de votos, ele reflete o potencial de crescimento do nome de Huck e
seus interlocutores o alertaram disso.
Pesquisas
internas encomendadas por Huck mensalmente também mostraram que, num cenário
sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele já aparece em segundo
lugar, empatado com Marina Silva (Rede). Isso sem fazer campanha alguma.
O colunista
do jornal O Globo Lauro Jardim também divulgou que, mesmo fora da disputa pela
Presidência, Huck permanecerá ativo em movimentos cívicos, como o Agora! e o
Renova BR. A TV Globo já havia informado que, assim como seus outros
funcionários, o apresentador precisaria comunicar sua decisão com antecedência
à emissora. Pessoas próximas do apresentador também afirmaram que a
"pressão" da emissora e a opinião da mulher, a também apresentadora
Angélica, teriam pesado na decisão final.
Propostas
Nos últimos
meses, Huck conversou com partidos, como o PPS e o DEM. As duas legendas
abriram as portas para o apresentador e, em momentos distintos, empolgaram-se
com a hipótese de um candidato tão midiático e com potencial. As conversas com
o DEM minguaram por influência do Agora!. A avaliação do movimento é de que o
partido não representaria a necessidade de "renovação" propagada pelo
grupo e não estaria disposto a ceder a legenda para candidatos de fora da
estrutura partidária.
Já com o PPS,
as conversas avançaram muito mais. No início do mês, Huck chegou a participar
de uma reunião na casa do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, com
Freire e Raul Jungmann, para sinalizar ao PPS que ela seria a legenda escolhida
caso ele decidisse se candidatar. Com a negativa do apresentador, o partido de
Freire deve se inclinar pelo apoio ao presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB). As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.[correio*]