Enfrentar a Bolívia em La Paz não traz boas lembranças ao
Brasil. Nos últimos quatro jogos de Eliminatórias disputados na altitude de
3.640 metros, o desempenho foi ruim, com três derrotas e um empate. O último
triunfo aconteceu em 1981, placar de 2x1.
Nesta
quinta (5), às 17h, a equipe canarinho tem uma nova oportunidade de quebrar
esse tabu. Os comandados do técnico Tite, já garantidos na Copa do Mundo de
2018, na Rússia, encontrarão os rivais que, por sua vez, já não têm chances de
classificação. Mesmo assim, o discurso verde e amarelo é de muita
cautela.
Tite
faz mistério, mas diz já ter uma estratégia para os atletas não sofrerem tanto
os efeitos da altitude. “Já estive duas vezes em La Paz e temos uma estratégia.
A posse de bola é uma marca da equipe. Mas tenho outras estratégias táticas que
vou segurar um pouco”, desconversou ele, aos risos.
Dá para dizer que será uma verdadeira operação de guerra. Foram
reservados 11 cilindros de oxigênio para os jogadores terem uma recuperação
mais rápida durante o intervalo. A delegação, por sinal, só vai chegar na
capital boliviana três horas antes da bola rolar, em um voo fretado de Santa
Cruz de la Sierra.
Fisiologista
da Seleção, Luiz Antonio Crescente explica o que acontece com o corpo de quem é
exposto a um local tão acima do nível do mar. “A altitude assusta muitas
pessoas, mais por desconhecimento do que propriamente pela situação. Existem
três efeitos que ela provoca: fisiológico, mecânico e clínico. A nossa
estratégia é para diminuir o clínico: dor de cabeça, mal-estar... O que falta
lá em cima é ar. A densidade é menor, assim como a quantidade de oxigênio que
entra no pulmão”.
Apesar
do retrospecto ruim em La Paz pelas Eliminatórias, o Brasil já saiu feliz de lá
no ano de 1997. Na final da Copa América, vitória por 3x1 sobre a Bolívia, gols
marcados por Edmundo, Ronaldo e Zé Roberto. Erwin Sánchez descontou para os
donos da casa.
Depois
do título, talvez tenha acontecido a entrevista mais famosa do então treinador
Zagallo que, na frente das câmeras, bradou. “Vocês vão ter que me engolir”.
Naquela ocasião, o Velho Lobo havia sido bastante criticado na imprensa e
também pelos torcedores.
Time definido
O Brasil terá novidades em relação ao time-base de Tite nas Eliminatórias. Na
zaga, Thiago Silva conquistou a posição de Marquinhos e formará a dupla
com Miranda. Na lateral esquerda, sem contar com Marcelo e Filipe Luís,
cortados por estarem lesionados, o técnico optou pela entrada de Alex Sandro,
jogador da Juventus. Jorge, do Monaco, fica como opção no banco de reservas.
Por fim, Philippe Coutinho volta ao time no lugar de Willian. A equipe entrará
em campo com Alisson, Daniel Alves, Thiago Silva, Miranda e Alex Sandro;
Casemiro; Paulinho, Renato Augusto, Philippe Coutinho e Neymar; Gabriel
Jesus.
Capitão,
o volante Casemiro projeta um duelo complicado, mas confia no potencial do time
brasileiro. “Sabemos que vai ser muito difícil, um jogo de trabalho, entrega e
pressão da torcida rival. Temos que pensar no nosso jogo, a gente vem jogando
bem, demonstrando que somos uma equipe sólida. Temos que pensar só no nosso
trabalho e consequentemente fazer um bom jogo”, avisa ele, confiante.
Ao
todo, sete titulares estão pendurados: Miranda, Casemiro, Paulinho, Renato
Augusto, Neymar, Gabriel Jesus, Daniel Alves. Caso levem cartão amarelo, não
jogarão na despedida da Seleção das Eliminatórias, terça-feira, contra a
Bolívia, às 20h30, no estádio Allianz Parque, em São Paulo. O volante
Fernandinho, que é reserva, também está na lista.
Bolívia
Na Bolívia, o técnico Diego Soria praticamente definiu a escalação. O
comandante optou por um time mais defensivo, com três zagueiros: Valverde,
Ronald Raldes e Gutiérrez, este último com passagem rápida pelo Bahia, em 2012.
No ataque, o centroavante Marcelo Moreno, ex-Vitória, está confirmado.|correio*