O Papa Francisco, que deve visitar Mianmar no final de
novembro, lamentou nesta segunda-feira (23) a imensa tragédia vivida por 200
mil crianças refugiadas rohingyas em Bangladesh.
Há "800.000 refugiados" desta
minoria muçulmana nos campos estabelecidos no país vizinho, incluindo
"200.000 crianças", disse o Papa durante a missa celebrada todas as
manhãs em sua residência de Santa Marta.
"Eles têm pouco para comer, estão
desnutridos e sem cuidados médicos. E isso acontece ainda hoje", lamentou
o pontífice numa homilia em que criticou os homens obcecados pelo dinheiro e
incapazes de sofrer com a tragédia de crianças com fome.
Francisco
atacou também as pessoas que "têm dinheiro por Deus" e que têm tantos
bens diante de "crianças com fome, sem cuidados médicos, sem educação, que
são abandonadas". Trata-se de uma "idolatria que mata" e faz
"sacrifícios humanos", disse ele nesta homilia.
Visita do Papa
O Papa
Francisco deve viajar a Mianmar entre os dias 27 e 30 de novembro, uma visita
sem precedentes a essas terras budistas, em meio a um conflito mortal visando os rohingyas.
Ele já
mencionou várias vezes sua tristeza pela perseguição desta minoria muçulmana,
falando a milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro.
A visita
do Papa não será a mais fácil, já que os budistas extremistas podem se opor a
quem defenda os rohingyas.
Mais de
meio milhão de rohingyas fugiram para Bangladesh desde o final de agosto,
somando-se aos 300 mil de seus compatriotas que já estavam lá após ondas de
violência anteriores.
Após
Mianmar, o Papa visitará Bangladesh de 30 de novembro a 2 de dezembro, um país
pobre com uma maioria muçulmana. Nenhuma visita, no entanto, está prevista ao
enorme campo de refugiados.|g1/mundo