O ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Edson Fachin determinou a prisão temporária dos delatores da J&F Joesley Batista e Ricardo Saud, acatando pedido de prisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. No entanto, a prisão do ex-procurador da República Marcello Miller, que também foi pedida por Janot, não foi autorizada. A Polícia Federal pode acatar a decisão e prender os empresários ao longo deste domingo ou até mesmo nesta segunda-feira.

De acordo com a GloboNews, Joesley Batista e Ricardo Saud estariam dispostos a se entregar. A decisão já teria sido tomada em conjunto com os advogados de defesa mas dependeria de uma notificação à Justiça, uma vez que ambos estão em São Paulo e, para isso, teriam de viajar. Os dois já tinham colocado seus passaportes à disposição da Justiça neste sábado.

As prisões foram autorizadas por conta das suspeitas de que ambos, beneficiados pela delação premiada, teriam omitido informações dos investigadores, o que contraria uma das cláusulas do acordo. No caso de Marcello Miller existe a suspeita de conduta criminosa quando ele ainda integrava o Ministério Público, atuando no órgão para beneficiar a J&F. Miller, que deixou a carreira de procurador em março, é citado em conversa entre Joesley e Saud. O teor do diálogo sugere que o ex-auxiliar de Janot tenha auxiliado os executivos do grupo empresarial a negociarem os termos da delação premiada com a PGR.

O pedido foi encaminhado ao Supremo na sexta-feira. Janot deve enviar também ao STF a rescisão do acordo de colaboração premiada firmado por Joesley e Ricardo com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Como o acerto previa imunidade total aos delatores, ele terá de ser revisto para que os dois vão para trás das grades.

Também na sexta-feira, Marcello Miller prestou 10 horas de depoimento na sede da Procuradoria-Regional da República da 2ª Região, no Centro do Rio. Dois procuradores tomaram seu depoimento: um procurador-regional da República, que atua na segunda instância da Justiça Federal, e um procurador da primeira instância. No dia anterior, os executivos da J&F, proprietária da JBS, também prestaram depoimentos à PGR sobre o papel de Miller na negociação da delação.


Na gravação de quatro horas, feita por descuido dos delatores e entregue à PGR há uma semana, Joesley e o diretor da JBS Ricardo Saud falam sobre como planejavam envolver ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) na delação, sobre crimes não delatados e sobre a atuação de Miller para a dupla antes mesmo de uma formalização do acordo. O áudio levou à abertura do procedimento de revisão da delação da JBS.|oglobo

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