O empresário Eike Batista ofereceu o pagamento de multa de cerca de R$
55 milhões à Justiça no acordo de delação premiada que está para ser homologado
pelo Supremo Tribunal Federal nas próximas semanas. O valor seria uma espécie
de "ressarcimento" por toda a propina que Eike teria pago a agentes
públicos. A Lava Jato do Rio identificou, na Operação Eficiência, que Eike
teria repassado US$ 16,5 milhões ao ex-governador Sérgio Cabral (PMDB),
supostamente para obter vantagens indevidas nos negócios.
O valor do ressarcimento prometido por Eike será mais alto do que a
fiança de R$ 52 milhões que pagou à 7ª Vara Federal Criminal do Rio. O
empresário tem ainda R$ 88 milhões em espécie, além de imóveis e carro,
bloqueados em outros processos, que correm na 3ª Vara Federal Criminal do Rio.
O fundador do Grupo X cumpre prisão domiciliar e está afastado da
administração direta de seus negócios. No seu interrogatório na Justiça no fim
de julho, Eike não quis responder se havia pago propina ao ex-governador.
"Quero colaborar 100% com a Justiça. É o meu dever. Sobre essa
questão [suposto pagamento de propina a Cabral], a recomendação dos meus
advogados neste instante é ficar em silêncio", disse ele na ocasião ao
juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal.
Já Cabral declarou a Bretas que a única vez em que pediu ao empresário
recursos de seu "interesse pessoal" foi em 2010, supostamente para a
campanha daquele ano. Segundo o peemedebista, ficou acertado em reunião na
casa de Eike um pagamento entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões.
Cabral negou, no entanto, ter recebido propina do empresário.
A delação de Eike está para ser homologada, nas próximas semanas, pelo
STF. O processo corre do Tribunal por causa do foro privilegiado que alguns
delatados por Eike têm.
O advogado de Eike, Fernando Martins, disse que só se pronunciará
oficialmente após a homologação do acordo. Já a força-tarefa da Lava Jato no
Rio afirmou que "não comenta delações".|Uol / As informações são do jornal
"O Estado de S. Paulo".