Um trecho da BR-324, dentro de Salvador, está entre os cinco mais letais do Brasil, de acordo com uma pesquisa nacional sobre os intervalos de 10 km onde ocorreram mais mortes no trânsito. As informações são do Atlas da Acidentalidade no Transporte, organizado pelo Programa Volvo de Segurança no Trânsito, da fabricante de caminhões Volvo, e concluído no último dia 28. 

No período pesquisado, de 2007 a 2016, ocorreram 1.428 acidentes, com 167 mortes entre os Km 614 e 624 da BR-324, localizado entre as imediações dos bairros São Gonçalo do Retiro e Águas Claras, passando pela Brasilgás.

Em primeiro lugar no estudo vem a BR-316 (Km 0 a 10), na região metropolitana de Belém (PA), com 3.370 acidentes e 188 mortes, e a BR-116 (Km 219 a 229), na área metropolitana de Guarulhos (SP).

“As caraterísticas em comum desses trechos são a proximidade a grandes cidades e o elevado número de mortes causadas por atropelamentos”, afirma o estudo, que não possui dados sobre quantas pessoas morreram atropeladas nesses trechos.

Trecho com redução
O mesmo estudo destaca ainda que no trecho bem próximo ao que aparece entre os piores do país está outro onde ocorreram reduções de acidentes nos últimos anos. Ele fica entre o Km 610 e 620 da BR-324, nas imediações dos bairros de Pirajá e Valéria.

Nesse trecho, entre 2007 e 2016, foram registrados 1.131 acidentes e 128 mortes. Entretanto, os números indicam queda nos casos nos últimos anos: em 2014, foram 14 mortes em 127 acidentes; em 2015 a quantidade de acidentes foi para 100 e a de óbitos para 5 e, ano passado, houve 82 acidentes e 4 pessoas morreram.

Responsável desde 2010 pela concessão da BR-324, a empresa ViaBahia, controlada pela Isolux e Engevix, declarou que a redução de acidentes é fruto de investimentos que vêm sendo feito em melhorias na via, porém não citou números.

Sobre os trechos com destaque negativo, a ViaBahia informou que existem cinco passarelas, sendo três construídas pela empresa, e outras duas que já existiam anteriormente e foram reformadas.

“O custo total aproximado entre instalação e reforma destes cinco equipamentos foi de R$ 8 milhões”, declarou a ViaBahia, em nota, acrescentando que “realiza ações e investimentos que contribuem diretamente na sensibilização dos usuários e na redução gradativa dos índices de acidentes”.

Dentre estas ações, diz a ViaBahia, estão a conscientização dos usuários com entrega de folhetos durante campanhas educativas em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF); investimento no treinamento das equipes operacionais, com a realização de simulados e cursos na área; implantação de elementos de proteção e segurança; melhoria na sinalização vertical e horizontal; implantação e reforma de Passarelas; e implantação dos radares fixos.

A seção baiana da Polícia Rodoviária Federal (PRF-BA) foi procurada pelo CORREIO para comentar os dados relacionados às rodovias federais no estado, mas não deu retorno.

Diagnóstico completo
Esta é a terceira edição do atlas, que está disponível no endereço www.atlasacidentesnotransporte.com.br. O documento faz um diagnóstico completo dos acidentes de trânsito nas 165 rodovias federais do Brasil. Os dados das pesquisas são postados cumulativamente. Há informações de 2007 a 2016.


Ele aponta os piores trechos, as principais causas de acidente, os dias da semana e os horários em que mais acontecem os acidentes por tipo de veículo, além de uma série de outras informações.

Baseada em estatísticas da PRF, a pesquisa também mostra dados gerais sobre acidentes em outras rodovias federais que cortam a Bahia.

Em 2016, o trecho com mais mortes no estado foi na BR-101, próximo a Ubatã (no Sul baiano), entre o Km 436 e o 449: foram 18 acidentes, com 10 mortes e 4 feridos graves nesse trecho.

Em 2015, o destaque negativo foi da BR-116, onde houve o registro de 243 acidentes, 12 mortos e 43 feridos graves no trecho entre o Km 416 e o 426.

Dados gerais de acidentes entre 2007 e 2016, em todo o trecho das rodovias federais que cortam a Bahia, mostram que a falta de atenção ao dirigir está entre as principais causas de acidentes. Outros fatores que influenciam nos acidentes são o excesso de velocidade e a ultrapassagem proibida. 


Entre os piores
A Bahia ainda se destaca negativamente em dados estaduais, estando entre os estados brasileiros com maior número de mortes. O pior estado é Minas Gerais, com 830 letalidades em 14.371 acidentes. Os números, no entanto, não citam as taxas por população ou número de carros.


Em seguida vêm o Paraná, com 652 mortes e 11.032 acidentes; a Bahia, com 610 mortes e 5.496 acidentes; e Santa Catarina, com 450 mortes e 10.604 acidentes.

Em 2016 as estradas federais registraram 6.398 mortes e 21.420 feridos graves em 96.358 acidentes, que envolveram 216.249 pessoas.

A falta de atenção provocou o maior número de mortes (1215), seguida por dirigir em velocidade incompatível com a via (914), ultrapassagens indevidas (510) e ingestão de álcool (439).

O trecho com maior número de mortos em 2016 está entre os quilômetros 216 e 225 da BR-116, na saída de São Paulo, com 18 mortes. Logo na sequência ficou o trecho entre os Kms 337 e 346 da BR-381, no interior de Minas Gerais, com 15 mortes.

O maior número de acidentes (745) ocorreu entre os kms 202 e 211 da BR-101, na região metropolitana de Florianópolis (SC), seguido pelo trecho entre os kms 219 e 228 da BR 116, em São Paulo, com 583 acidentes.

Dias e horários mais perigosos
De acordo com o estudo, a maior parte dos acidentes ocorre em dois picos ao longo do dia, em picos às 7h e no final da tarde, às 18h.


Mas o maior número de mortes ocorre no horário noturno e na madrugada, entre as 3h e 4h. Segunda-feira é o dia com maior número de acidentes (17%), seguido de domingo e terça-feira, com 16%. A maioria das mortes ocorre na terça.

Para os organizadores do atlas, o estudo revela números ainda muito altos e mostra que ainda há muito o que se fazer para diminuir os acidentes e as mortes nas estradas federais brasileiras, mesmo que os resultados mostrem um ligeiro declínio na letalidade, que caiu de 18,8 mortes por dia em 2015 para 17,5 mortes/dia em 2016.

“Ainda temos um longo caminho a percorrer para alcançar um trânsito mais seguro. As informações do Atlas podem nos ajudar a entender melhor o que é preciso fazer”, disse Solange Fusco, diretora de comunicação corporativa do Grupo Volvo América Latina.

Os dados revelam ainda que de 2007 a 2016 as estradas federais brasileiras acumularam 1,56 milhão de acidentes, que resultaram na morte de 77.227 pessoas. Cerca de um terço do número total de acidentes (525.660) foi com caminhões e mais de 90 mil envolveram ônibus.


“As informações do Atlas são mais uma fonte que deve ser usada pelas empresas de transporte gerenciarem o risco das viagens de caminhões e ônibus e promover ações para diminuir a acidentalidade”, observa Carlos Ogliari, vice-presidente de Recursos Humanos e Assuntos Corporativos do Grupo Volvo América Latina.|correio*

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