O Mercosul decidiu neste sábado, 5, suspender a Venezuela do bloco por rompimento da ordem democrática, após a escalada da crise no país e a instalação da Constituinte, convocada pelo presidente Nicolás Maduro. A decisão foi anunciada durante reunião dos chanceleres de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai em São Paulo. 

A decisão de suspender a Venezuela precisava ser tomada por consenso. O país ja estava suspenso por não ter internalizado em sua legislação um conjunto de normas básicas de funcionamento do bloco. A suspensão em razão da cláusula democrática é um reconhecimento formal do Mercosul de que o governo de Nicolás Maduro rompeu com os princípios democráticos. 

Enquanto os chanceleres estavam reunidos, um pequeno grupo de venezuelanos protestavam em frente ao prédio da prefeitura, onde ocorreu a reunião, segurando cartazes contra o governo Maduro e agradecendo o papel do Mercosul.

O processo para suspensão começou em abril, quando foi convocada uma reunião emergencial de chanceleres após o Judiciário venezuelano ter encampado os poderes do Legislativo, de maioria opositora. Em agosto, com a realização da eleição da Constituinte - apesar dos protestos nacionais e internacionais -, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai decidiram realizar uma nova reunião para tratar da falta de medidas concretas por parte de Caracas e a sua recusa em participar de consultas com os países-membros do bloco.

Pelo Protocolo de Ushuaia, as consultas são a etapa anterior às sanções no caso de algum Estado do bloco romper com a ordem democrática.  A transparência da eleição da Constituinte foi questionada pela oposição venezuelana, mas também pela empresa Smartmatic, responsável pelo processo de votação eletrônica no país. Segundo a empresa, os números foram "manipulados". "Estimamos que a diferença entre a quantidade anunciada e a que aponta o sistema é de pelo menos um milhão de eleitores", disse a Smartmatic em comunicado três dias após a e Ao longo da semana, representantes dos países do Mercosul haviam dito que a suspensão da Venezuela era a única resposta política possível para a situação. 


A suspensão não foi adotada antes porque precisa ser uma decisão unânime dos quatro Estados fundadores do bloco, mas o Uruguai discordava da medida e tentava atenuar as medidas de retaliação ao governo Maduro.|correio*

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