O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já começa a
falar no fim da Lava Jato, após três anos de investigações que trouxeram à tona
esquemas criminosos envolvendo membros administrativos da Petrobras, políticos
de quase todos os partidos do Brasil - incluindo os presidentes da República,
da Câmara e do Senado -, governadores, além de empresários de grandes empresas
brasileiras.
Entre condenações por lavagem
de dinheiro, organização criminosa, obstrução da justiça e vantagem indevida,
apenas para citar algumas, Janot ainda lembra de encontro que teve com a
então vice-presidente da Câmara italiana, a deputada Marina Sereni, no ano
passado.
Na
oportunidade, ela o questionou sobre o desfecho da operação. Na década de 1990,
a Itália foi palco de uma operação parecida, denominada Mãos Limpas, cujo alvo
também era o combate à corrupção.
"Ela
me disse: 'Vai chegar um momento em que, ou o Ministério Público se programa
para encerrar a investigação, ou mãos externas vão encerrá-la. Então, é melhor
que o senhor faça um final programado para ela'", relembrou Janot.
Em sua participação no
seminário "E agora, Brasil?", o procurador explicou que os “últimos
episódios” - referindo-se às delações da JBS, que citaram o presidente da
República -, permitem que se imagine o derradeiro capítulo da operação.
"Acho
que a Lava-Jato não pode ser uma investigação permanente. Ela não existe por si
mesma, tem um escopo. A sociedade e o Estado brasileiro não podem ficar reféns
de uma investigação eterna. Acredito que, com os últimos episódios, a gente
vislumbre o final. Temos uma linha traçada de até onde a investigação pode ir e
até onde se espera que ela vá", afirmou Janot.
De
acordo com informações de O Globo, o procurador-geral, que encerra o seu
segundo mandato à frente da PGR no próximo dia 17, também fez uma analogia ao
citar as descobertas mais recentes. "Antes desses últimos episódios, nós
achávamos que já tínhamos chegado ao final do poço, mas entendemos o seguinte:
abriu o final do poço, tinha um alçapão; abriu o alçapão, tinha outro poço.
Mas, agora, acho que é visível a linha de chegada. Já se sabe até onde vai
chegar essa investigação", destacou.
Janot
ainda falou sobre Raquel Dodge, que não tinha a sua preferência mas foi
escolhida por Temer para assumir o comando do Ministério Público Federal. Ele
não afasta a hipótese de uma PGR menos atuante nos casos de corrupção.
"(Mudança)
de método, pode ser que sim, porque cada um tem seu método de trabalho. Agora,
como meta de trabalho, acho que não muda. Todos nós somos formados na escola de
Ministério Público, todos temos a mesma formação".|Foto © Ueslei Marcelino / Reuters