A disputa pelas duas vagas de senador e pela de vice-governador nas chapas que disputarão a eleição majoritária no ano que vem tem sido antecipada por articulações políticas executadas nos bastidores por aliados do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e do governador do Estado, Rui Costa (PT) – ambos e, que, apesar de começar oficialmente somente em 15 de agosto de 2018, com o registro das composições, já foi estartada.

Do lado de Neto, o prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo (DEM), os deputados federais Jutahy Magalhães Jr. (PSDB) e Lúcio Vieira Lima (PMDB) e o ministro Antônio Imbassahy (PSDB) são os mais cotados para as vagas da chapa opositora.

Já Rui tem como opções mais viáveis o atual vice-governador, João Leão (PP), o secretário e ex-governador, Jaques Wagner (PT), a senadora Lídice da Mata (PSB) e o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), Ângelo Coronel (PSD).

Corre por fora o deputado federal Ronaldo Carletto (PP), que está articulando ao lado de João Carlos Bacelar (PR) um movimento de migração parlamentar que deve fortalecê-lo e enfraquecer o PP de João Leão (leia mais na matéria abaixo).

Apesar disso, é dada como certa, pelo menos por enquanto, a permanência de Leão como vice-governador na chapa. Do outro lado, é consensual a tese de que José Ronaldo tem "o perfil ideal" para ocupar a posição, mas na chapa netista.

Esse é o desejo de Neto, segundo auxiliares. Isso porque Ronaldo, diz um conselheiro do prefeito, "será usado para atrair um partido" da base de Rui. Ou seja, mudará de legenda para disputar a eleição em nome da nova sigla que adotar – trazendo mais tempo de TV.

É na briga pelo Senado Federal, no entanto, que rachas podem surgir nas bases de apoio dos candidatos, por causa do complicado "jogo de xadrez" para compor a coalizão. Próximo a Neto, o deputado federal Paulo Azi (DEM) diz que existem "diálogos intensos" com forças políticas da base de Rui.

Já o vice-prefeito Bruno Reis (PMDB) evita comentar o tema. Diz que o assunto "ainda não está em discussão". "Não há posição pré-definidas. Temos grandes partidos, que possuem legitimidade para disputar de forma justa as vagas", evade, dizendo que o assunto só será tratado em 2018.

O secretário de Relações Institucionais de Rui, Josias Gomes, estima, no lado do governo, que a composição seja iniciada entre maio e junho, época das convenções partidárias. "Se não tivéssemos uma base sólida, com representações políticas tão boas, não teríamos tantos pré-candidatos".

Senadores de Rui - Apesar da polidez do discurso oficial, lideranças de ambos os lados revelam, em reservado, o desejo pelos cargos da majoritária. A principal delas é o presidente da Alba, Ângelo Coronel (PSD), que é cotado para as duas chapas, segundo fontes do governo e da prefeitura.

Há até quem diga, entre os democratas, que ele confidencia a vontade de "marchar com Neto em 2018", mas esbarra no cacique do PSD, Otto Alencar, que defende fidelidade a Rui.

Questionado, o deputado estadual desconversa, dizendo que "seguirá decisão partidária". Admite o "desejo" de disputar o Senado, mas evita falar. A reportagem apurou, porém, que o PSD já definiu internamente em favor do nome dele caso o partido abocanhe a vaga.

A outra posição para o Senado seria disputada por Lídice, Wagner e Carletto, diz um cacique próximo ao governo. Dentro do próprio PSB, no entanto, já é admitida a impossibilidade de manter a senadora no posto. Conforme fonte da legenda, já se analisa qual será a contrapartida. "Pelo menos mais uma secretaria merecemos", diz o interlocutor.

Líderes da base de Rui também avaliam que o PT, enfraquecido nas últimas eleições municipais e dono da cabeça da chapa, não terá condições de reivindicar uma segunda vaga, para acomodar Jaques Wagner. "Eles não estão em condições de impor", avalia um parlamentar aliado.

À reportagem, Lídice afirma não está analisando a hipótese de ficar fora da chapa. "Para formar a chapa, Rui terá que anunciar quais serão os critérios. Se há uma discussão da [minha] saída da chapa, terão que dizer por quê", endureceu.

A reportagem não conseguiu contato com Wagner. Do outro lado, o nome dele é dado como certo. "A não ser que a Lava Jato impeça", diz um auxiliar do prefeito ACM Neto. Josias Gomes defende que o ex-governador tem a favor dele o fato de ter feito seu o sucessor no cargo.

Senadores de Neto - Na chapa de Neto, as negociações para a vaga do Senado, dizem aliados, tendem a consolidar o deputado federal Jutahy Jr., que tem oito mandatos na Câmara, como candidato. A vaga, destinada ao PSDB, poderá ser disputada, entretanto, pelo ministro Imbassahy. Ainda assim, dentro da legenda é considerada "impossível" uma vitória interna do aliado de Temer sobre Jutahy, que conta com o apoio de João Gualberto, da maioria dos prefeitos e dos parlamentares do partido.

Procurado, Jutahy Jr. assume que irá pleitear o posto para senador com o PSDB. Sobre o racha com o correligionário, afirma apenas que seu nome "é tido como natural" pelos aliados.

Nos bastidores, o deputado federal Lúcio Vieira Lima (PMDB) também coloca o próprio nome para o cargo de senador, após a prisão do irmão, Geddel, até então dono natural do posto.

Ele desconversou sobre ser candidato, ao ser abordado pela reportagem, mas confirma que "o PMDB entende que não pode ficar de fora da chapa e prefere a vaga do Senado" do que a de vice-governador.

Para Lúcio, a sigla preenche os critérios para o posto: tem o deputado federal mais votado da Bahia (que é ele), o maior tempo de televisão, cinco deputados estaduais e, quando começarem as eleições, terá os prefeitos de Vitória da Conquista, Feira de Santana (assumirá o vice Colbert Martins Filho no lugar de José Ronaldo) e Salvador (assumirá Bruno Reis no lugar de ACM Neto).

Um auxiliar do prefeito ACM Neto avalia, entretanto, que o PMDB não é a primeira opção, pois já será beneficiado com tais prefeituras.

Ele terá que disputar, diz essa fonte, com possíveis dissidentes da base de Rui. "Se fosse Geddel o candidato do PMDB, seria natural". (Atarde)

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