Com dificuldades na
negociação de sua delação premiada, o ex-deputado Eduardo Cunha abriu uma
ofensiva contra o relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), Edson
Fachin. Ele acusa o ministro de obstruir pedidos de liberdade e beneficiar
executivos da JBS.
Em nota escrita no complexo penal em que está preso, Cunha relata
que Joesley Batista e Ricardo Saud, da JBS, pediram ajuda para aprovar o nome
de Fachin para o STF, em 2015, e que disseram manter "relação de
amizade" com o então candidato.
"Quando
Joesley Batista e Ricardo Saud me procuraram para ajudar na aprovação [de]
Fachin, além da relação de amizade que declararam ter com ele, me passaram a
convicção de que o país iria ganhar com a atuação de um ministro que daria a
assistência jurisdicional de que a sociedade necessitava."
O
ex-presidente da Câmara alega que Fachin concedeu "assistência célere e
eficiente" aos donos da JBS, "que em apenas três dias conseguiram
homologar um acordo vergonhoso, onde ficaram livres, impunes e ricos".No
texto escrito da prisão, Cunha ironiza as possibilidades de apelo judicial e
diz que recorrerá ao papa, "apesar de ser evangélico e não acreditar que o
papa é o representante de Deus na Terra".
O ex-deputado
critica ainda a prisão preventiva decretada contra ele por Fachin a partir da
delação da JBS.
"Alguém
ligado a mim saiu carregando alguma mala monitorada? Se até quem carregou a
mala foi solto, por que continuo preso?", pergunta, em referência a
aliados dw Michel Temer e do senador Aécio Neves (PSDB).
As
informações são de reportagem de Bruno Boghossian na Folha de S.Paulo. | Foto © Wilson Dias/Agência Brasil