O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta segunda-feira, 24, que
a palavra "propina" foi "inventada" por empresários e pelo
Ministério Público para "tentarem culpar os políticos". Segundo o
petista, todos os políticos, "desde que foi proclamada a República",
sempre usaram doações empresariais nas campanhas.
"A
palavra propina foi inventada pelos empresários para tentarem culpar os
políticos. Ou pelo Ministério Público. Por tudo o que leio na imprensa, todas
as campanhas do Brasil sempre foram feitas (com financiamento de
empresas)", disse o ex-presidente em entrevista à rádio Tiradentes do
Amazonas, transmitida ao vivo pelo Facebook de Lula. "A diferença é que
agora transformaram as doações em propina, então tudo ficou criminoso".
O petista defendeu, ainda, a criação de um
fundo público eleitoral, em discussão na Câmara. "Se os políticos não
tiverem coragem de mudar a legislação eleitoral, de criar um fundo de
financiamento de campanha para que não fiquem mais dependentes de empresário, o
Brasil não vai ter jeito", disse.
Sem falar diretamente em caixa 2, Lula disse
que o candidato que prestou contas à Justiça Eleitoral sobre doações
empresariais, e elas foram aprovadas, não teria culpa.
"Quando o empresário deu o dinheiro,
certamente ele não disse 'vou te dar o dinheiro, mas é propina'. Se ele
avisasse e o candidato aceitasse, deveria ser preso, o empresário e o
candidato", disse o ex-presidente, que questionou: "Se ele
(empresário) deu dinheiro, o candidato colocou na prestação de conta e a
Justiça Eleitoral aprovou, que culpa tem esse candidato?"
O ex-presidente voltou a negar que soubesse
de casos de corrupção dentro do partido. "Tem muitas coisas que acontecem
dentro da sua casa, na sala do lado do seu trabalho, e você nao sabe. Você não
é obrigado a saber", disse.
Condenado a 9 anos e meio de prisão pelo juiz
Sérgio Moro e com seus bens bloqueados a pedido do magistrado, Lula afirmou que
irá recorrer das decisões em segunda instância. "Vamos ver se desmontamos
isso", disse o petista, que voltou a chamar o processo de mentiroso e a
culpar a participação da imprensa. "Seria muito mais barato para o Brasil
se eles tivessem acreditado quando eu disse que o apartamento não era
meu".
Na entrevista, Lula voltou a criticar o
processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas criticou o
segundo mandato da petista que, segundo ele, veio após uma "campanha muito
nervosa e muito radicalizada".
"Depois das eleições, a gente percebeu
que a Dilma fez algumas coisas que não estavam no discurso que agradou tanto a
esquerda para lhe apoiar em 2014. Começamos a ter um problema de queda das
pesquisas da opinião publica, queda da economia e queda do emprego, até que
veio o impeachment da companheira Dilma, que foi uma coisa ilegal", disse.
Para o petista, "foi triste ver tantos
amigos da Dilma" votarem pelo impeachment, o que chamou de um "erro
histórico" com o País. Disse, ainda, que nas próximas eleições pediu para
que o partido atuasse de forma separada de outras siglas, para demarcar o discurso.
"Nessas eleições agora, pedi para o PT
saísse separado, para demarcar nosso discurso. Porque senão dá a impressão de
que está todo mundo na mesma bacia e não é verdade. É preciso que a gente
mostre a diferença política nesse momento. Acho que o Zé Ricardo (candidato do
PT para o governo do Amazonas, José Ricardo Wendling) vai fazer isso com muita
competência".| noticiasaominuto