A
presidente eleita Dilma Rousseff voltou a defender nesta segunda-feira, 24, a
realização de eleições gerais diretas como a única saída para a crise política
e econômica que assola o País.
"No Brasil, sem eleição
direta, não se pode construir legitimidade para fazer as reformas reais – não
essas que estão aí", afirmou Dilma em entrevista à rádio Tabajara, da
Paraíba. A presidente eleita criticou o golpe parlamentar que a depôs do
Palácio do Planalto.
"Eles deram o golpe porque
perceberam que por quatro eleições perderam, e são nas eleições presidenciais
que se discute projeto de país. Decidiram dar o golpe porque não poderiam
aplicar o modelo deles por via de eleições. Agora estão acabando com o Bolsa
Família, reduziram em 800 milhões, reduziram o número de famílias em 1 milhão.
Em momento de crise, em que tinha que aumentar os benefícios, reduziu o número
de famílias. A mágica que fizeram foi da exclusão", afirmou Dilma,
arrematando: "O país que tiramos do mapa da fome hoje vemos ser
desmontado".
Ao falar da reforma
trabalhista, sancionada por Michel Temer, Dilma enfatizou que pela primeira vez
em 70 anos se tira a proteção do lado mais fraco da relação entre patrão e
empregado. "O que é a regulação do mercado de trabalho? É equilibrar essa
relação. Não é pender para um lado, mas garantir que o lado mais fraco tenha a
necessária proteção. Pergunto quais são os indicadores de que isso leva ao
aumento do emprego, melhoria da atividade econômica, ampliação da demanda. As
evidências mostram o contrário. Estudos do BC, do FMI, mostram que não há
correlação, não há relação positiva entre reforma trabalhista,
desregulamentação do mercado de trabalho e aumento do empregos",
afirmou.
"Acredito que a democracia
é a coisa mais importante que nós temos. Sempre que o Brasil teve democracia,
ele cresceu. Sempre que a democracia foi reduzida, o Brasil perdeu. Nós
precisamos de processo de eleições diretas sem casuísmo, sem tirar ninguém do
pleito. O Brasil precisa se reencontrar, precisa de um pacto por baixo, alguém
eleito pelo povo", disse a presidente
Lula
candidato
Durante a entrevista à rádio
Tabajara, Dilma criticou a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva pelo juiz Sérgio Moro. "O juiz foi muito pautado por aquele
procurador que dizia não ter provas, mas convicções. Aí você cria situação
perigosa, porque não se pode romper com o princípio básico da democracia, de
que todos são iguais perante a lei. Quando você cria um único que não é igual,
você entra no perigoso terreno do fascismo", afirmou.
A presidente eleita defendeu o
direito de Lula disputar as eleições. "Sou a favor que agora outrem
governe o país. Atualmente, tenho um candidato do meu coração e da minha razão.
É o Lula, nosso querido nordestino Lula". "Lula não sofreu só
com abuso de autoridade, mas acho que está em curso em relação ao Lula é o
lawfare. É um paralelo com a guerra. A guerra quer destruir o inimigo
fisicamente, mas no mundo democrático ocorre o uso da lei como arma para
destruir do ponto de vista civil uma pessoa. Julga, condena, pune e tira as
condições morais e éticas dela se construir e se colocar politicamente. Ela tem
como decorrente a justiça do inimigo. Você não quer julgar, quer
destruir."|brasil247