O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
acaba de anunciar a decisão de retirar o país do Acordo de Paris, que define os
compromissos globais na luta contra os efeitos das mudanças climáticas. O
anúncio foi transmitido ao vivo pela TV e por outros meios de comunicação.
Os termos e as condições da retirada deverão ser
conhecidos progressivamente. Concretamente, o anúncio do presidente americano
vai de encontro à decisão de líderes mundiais expressa recentemente na reunião
de cúpula do G7 (grupo dos sete países mais industrializados do mundo) no
sentido de apoiar o acordo climático.
Três dias depois do término da reunião, Donald
Trump e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, trocaram críticas que
refletiram a falta de entendimento sobre a manutenção do Acordo de Paris. A
única voz dissonante quanto à necessidade de endossar os esforços ambientais
foi justamente a dos Estados Unidos, que hoje oficializaram a posição de se
retirar formalmente do tratado global.
Firmado em 2015, após mais de 10 anos de
negociações infrutíferas para mitigar o efeito da atividade econômica no clima,
o tratado foi assinado por 195 países e ratificado por 147, responsáveis por
80% das emissões –165 metas de redução já foram submetidas. Apenas Síria e
Nicarágua ficaram fora.
Segundo maior emissor de gases depois da China, os
Estados Unidos respondem por 18% do carbono lançado na atmosfera terrestre, ou
6,5 milhões de toneladas por ano. A saída americana torna ainda mais difíceis
as metas do acordo, de reduzir o carbono na atmosfera de 69 biilhões de
toneladas para 56 bilhões, e negociar novos objetivos para manter, até 2100, o
aquecimento global no nível tolerável, inferior a 2 graus Celsius (ºC).
A saída norte-americana poderá levar outros países
a rever sua participação no acordo. Pelas metas submetidas, já é incerto que o
nível tolerável seja atingido. Reduzirão as emissões do nível atual, que
aqueceria o planeta 4,2ºC, para apenas 3,3 ºC, segundo análise do Climate
Interactive. Sem os Estados Unidos, esse patamar poderá facilmente subir para
acima de 3,5 ºC, ou mesmo 3,8 ºC.
De acordo com previsão de cientistas, as
consequências para o clima da Terra poderão ser catastróficas, com o
derretimento de geleiras, elevação do nível do mar e maior intensidade de
eventos extremos como tempestades, enchentes, secas e furacões.
Cenários
Estudo
publicado na revista Nature estima, neste cenário, queda de
23% na renda média global até 2100, com aumento de desigualdade, graças
sobretudo ao impacto na atividade agrícola e na produtividade. O Banco Mundial
previu que, até 2030, mais de 100 milhões de pessoas podem voltar à pobreza se
nada for feito para mitigar as mudanças climáticas.
Nos
Estados Unidos, fração considerável da opinião pública e do Partido
Republicano, pelo qual Trump foi eleito, rejeita o consenso científico sobre
esse impacto e tem dúvidas sobre o efeito da atividade humana no clima do
planeta, além de rejeitar argumentos econômicos favoráveis à adoção de formas
limpas de geração de energia.|agenciabrasil - Imagem reprodução toledoblade