A jornalista Miriam Leitão criticou nesta sexta-feira, 5, a proposta do deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), que pretende oficializar o retorno do trabalho escravo nas áreas rurais do Brasil, ao permitir que o trabalhador tenha seu salário pago em alimentação e moradia. 

"O deputado conta que os críticos do projeto estão todos errados. Para provar o que disse, me mandou um release no formato 'Perguntas e Respostas" sobre a proposta. Nesse texto didático há a pergunta: "O projeto prevê que moradia e alimentação poderão fazer parte do salário do trabalhador?' E responde que no parágrafo 4º do artigo 16 está escrito que: 'a cessão pelo empregador, de moradia e de sua infraestrutura básica, assim como bens destinados à subsistência e de sua família não integram o salário do trabalhador'. Realmente este parágrafo está lá, porém no artigo está escrito o que registrei acima, que dá ao empregador o direito de descontar as "parcelas' de alimentação e de moradia", escreve a jornalista. 

"Do jeito que está redigido, o artigo 16 é uma contradição em termos. Pode ser descontado até 45% do que o trabalhador tem a receber mas não integra o salário. 'Ou seja, o salário continua existindo', diz o texto explicativo do deputado. Evidentemente que algo confuso assim abre uma possibilidade enorme de abuso no setor rural, e agora legalizado. O deputado acha que a imprensa o interpretou mal, mas no mínimo uma nova redação precisa ser dada a esse parágrafo, se for mesmo esse o caminho pelo qual o Brasil vai regular as relações de trabalho na área rural, em empreendimentos que ficam muitas vezes longe dos centros urbanos e dos olhos de fiscais e dos brasileiros em geral", acrescenta. 
Dep. Nilson Leitão

Segundo Miriam Leitão, é preciso haver relações de trabalho respeitosas, nada de paternalismo. "O agronegócio é uma das grandes forças da economia brasileira. É fácil entender que o trabalho rural tem várias diferenças em relação ao exercício de profissões urbanas. O desafio é fazer mudanças e adequações que comportem essas diferenças, sem que isso signifique abandonar o esforço pelo trabalho decente".

Leia na íntegra o artigo de Miriam Leitão.|brasil247 

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