A
defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou os ex-presidentes
Fernando Henrique Cardoso e Dilma Rousseff, além dos líderes internacionais
Kjell Stefan Löfven (Suécia), François Hollande e Nicolas Sarkozy (França),
como testemunhas do petista na ação penal que tramita na 10ª Vara Federal de
Brasília. A Procuradoria da República acusa Lula, nesse processo, de agir para
influenciar a compra de 36 caças suecos Gripen, no governo Dilma.
Em nota, os advogados Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira, que
defendem o ex-presidente, afirmam que os argumentos apresentados pelo
Ministério Público Federal são uma "prova irrefutável" de
"lawfare" - uso indevido de recursos jurídicos para fins de
perseguição política.
"(...) Essa ação assenta-se na esdrúxula tese de que Lula teria
permitido que o escritório Marcondes e Mautoni 'vendesse' sua influência sobre
decisões da então presidente Dilma Rousseff", diz o texto assinado por
Martins e Teixeira. "A primeira atuação com esse formato teria ocorrido em
relação à compra dos caças suecos Gripen e a segunda, em relação à sanção
presidencial da lei proveniente da Medida Provisória 627/2013".
Em dezembro do ano passado, Lula, o filho mais novo dele, Luís Cláudio,
e o casal Mauro Marcondes e Cristina Mautoni foram denunciados por
"negociações irregulares" que levaram à aquisição dos 36 caças do
modelo Gripen e à prorrogação de incentivos fiscais destinados a montadoras de
veículos, por meio de uma Medida Provisória.
Os advogados chamaram os testemunhos de Fernando Henrique e Dilma para
que os dois esclareçam como funciona uma compra internacional de equipamentos
militares. A negociação dos caças começou a ser feita ainda no governo do PSDB
(1995-2002), mas só foi concluída na gestão Dilma. Os defensores de Lula
argumentam que, desde 2010, a Força Aérea Brasileira (FAB) já entendia que os
aviões suecos, e não os franceses, seriam os melhores para o Brasil.
É nessa circunstância que o primeiro-ministro da Suécia, Kjell Stefan
Löfven, foi convocado pela defesa de Lula para depor. Na avaliação de Martins e
Teixeira, o ex-presidente da França Nicolas Sarkozy e o atual mandatário
daquele país, François Hollande, também podem contar aos procuradores por que
as tratativas com o Brasil para a venda dos caças não foram concretizadas.
O Ministério Público Federal acusa Lula de tráfico de influência,
lavagem de dinheiro e organização criminosa. "Além de vícios processuais
relevantes, demonstramos que Lula jamais soube e muito menos autorizou que a
Marcondes e Mautoni usasse o seu nome, especialmente para fins negociais",
sustentam os advogados do petista. "Não há, aliás, qualquer prova de que
isso tenha ocorrido."|atarde - estadao |Foto do google