Sete anos após deixar a
presidência da República, Lula desembarca no Nordeste para “reinaugurar” aquele
que é considerado o principal legado de seu governo para a região: a
Transposição do Rio São Francisco. O simbolismo do ato, que acontece uma semana
após a inauguração oficial realizada pelo presidente Michel Temer (PMDB), vai
muito além da disputa pela paternidade da obra - que, vale salientar, chega ao
décimo ano de execução sem estar totalmente concluída - e ganha tons
eleitorais. O ato deste domingo na cidade paraibana de Monteiro poderá ser o
pontapé para a pré-candidatura do petista à presidência em 2018.
A agenda do líder máximo do PT contará com a presença de aliados, incluindo a ex-presidente Dilma Rousseff. Representantes pernambucanos da sigla, a exemplo do senador Humberto Costa, do presidente do partido no estado, Bruno Ribeiro, do ex-prefeito do Recife, João Paulo, entre outros, também estarão presentes. “Para nós é muito importante que ele circule o país, porque é parte do que temos denunciado: no tempo em que ele era governo, houve um ciclo de mudanças, porque pessoas e regiões mais pobres foram incluídas no orçamento”, afirmou Bruno.
Mas o fato é que Lula não goza do mesmo prestígio de outrora, apesar de liderar as pesquisas de intenção de voto. O desgaste da imagem do partido e do próprio político, devido aos desdobramentos da operação Lava-Jato e do impeachment de Dilma, podem atrapalhar os planos de voltar ao poder. “Ele está colocando o bloco na rua para ver a temperatura nas ruas e saber se verdadeiramente houve perda de densidade eleitoral. A intenção é saber a resposta social”, analisou o cientista político da Universidade Católica de Pernambuco, Thales Castro. De acordo com ele, é comum os atores políticos fazerem essas movimentações com uma certa antecedência das eleições. “Inclusive, a pré-candidatura dele pode ser reconsiderada, já que não sabemos quais os impactos que a Lava-Jato vai causar nos próximos meses”, ponderou.
“Lula está pavimentando uma candidatura que tende a ser competitiva, mas não necessariamente vitoriosa”, observou Isaac Luna, cientista político do Centro Universitário da Faculdade dos Guararapes. Na avaliação dele, o recall político que o petista ainda possui no Nordeste tende a favorecê-lo entre os eleitores da região, e apenas um impedimento jurídico poderia mudar os planos do petista. “Como os impactos da Lava-Jato estão atingindo todos os partidos, ninguém vai poder utilizar essa questão (Lava-Jato) contra ele”, disse, acrescentando que o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que já se coloca como candidato em 2018, e uma possível candidatura do prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), que vem sendo ventilada, são outros fatores que podem ameaçar as intenções do ex-presidente de retornar ao Palácio do Planalto.
Presidente nacional do PCdoB, a deputada federal Luciana Santos considera justa a visita de Lula para reinaugurar parte da obra. “Afinal, ele está defendendo um legado dele. É verdade que essa obra foi idealizada desde os tempos do império e quem pagou foi o povo, mas se Lula não tivesse a vontade política, ela não existiria”, afirmou. Apesar de estar presente no ato, ela deixou claro que o partido terá candidatura própria em 2018. “Queremos deixar mais claro para o público que, apesar termos sido parte do governo, temos opinião própria sobre alguns pontos.”
Caravanas
A Central Única dos Trabalhadores em Pernambuco (CUT-PE) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-PE) estão organizando caravanas até a cidade de Monteiro, que sairão de municípios vizinhos e também do Recife. “A vinda dele é muito importante para estabelecer a verdade e inaugurar uma obra que foi sonhada por muitos anos pelos nordestinos”, pontuou Carlos Veras, presidente da CUT-PE. “Nossa ida será no sentido de valorizar o período histórico (da inauguração), ao mesmo tempo que nos colocamos contra o golpe e queremos efetivamente a volta de Lula”, acrescentou Jaime Amorim, coordenador do MST-PE.
Discurso
Durante o périplo que pretende fazer pelo país, o ex-presidente Lula já sinalizou que pretende fazer uma ofensiva às medidas adotadas pelo presidente Michel Temer, especificamente à reforma da Previdência. “Estou disposto a voltar a ter 35 anos, estou disposto a andar por esse país, alertando o povo brasileiro sobre o que está em jogo”, disse o petista na útima segunda-feira, durante o Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais.
A agenda do líder máximo do PT contará com a presença de aliados, incluindo a ex-presidente Dilma Rousseff. Representantes pernambucanos da sigla, a exemplo do senador Humberto Costa, do presidente do partido no estado, Bruno Ribeiro, do ex-prefeito do Recife, João Paulo, entre outros, também estarão presentes. “Para nós é muito importante que ele circule o país, porque é parte do que temos denunciado: no tempo em que ele era governo, houve um ciclo de mudanças, porque pessoas e regiões mais pobres foram incluídas no orçamento”, afirmou Bruno.
Mas o fato é que Lula não goza do mesmo prestígio de outrora, apesar de liderar as pesquisas de intenção de voto. O desgaste da imagem do partido e do próprio político, devido aos desdobramentos da operação Lava-Jato e do impeachment de Dilma, podem atrapalhar os planos de voltar ao poder. “Ele está colocando o bloco na rua para ver a temperatura nas ruas e saber se verdadeiramente houve perda de densidade eleitoral. A intenção é saber a resposta social”, analisou o cientista político da Universidade Católica de Pernambuco, Thales Castro. De acordo com ele, é comum os atores políticos fazerem essas movimentações com uma certa antecedência das eleições. “Inclusive, a pré-candidatura dele pode ser reconsiderada, já que não sabemos quais os impactos que a Lava-Jato vai causar nos próximos meses”, ponderou.
“Lula está pavimentando uma candidatura que tende a ser competitiva, mas não necessariamente vitoriosa”, observou Isaac Luna, cientista político do Centro Universitário da Faculdade dos Guararapes. Na avaliação dele, o recall político que o petista ainda possui no Nordeste tende a favorecê-lo entre os eleitores da região, e apenas um impedimento jurídico poderia mudar os planos do petista. “Como os impactos da Lava-Jato estão atingindo todos os partidos, ninguém vai poder utilizar essa questão (Lava-Jato) contra ele”, disse, acrescentando que o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que já se coloca como candidato em 2018, e uma possível candidatura do prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), que vem sendo ventilada, são outros fatores que podem ameaçar as intenções do ex-presidente de retornar ao Palácio do Planalto.
Presidente nacional do PCdoB, a deputada federal Luciana Santos considera justa a visita de Lula para reinaugurar parte da obra. “Afinal, ele está defendendo um legado dele. É verdade que essa obra foi idealizada desde os tempos do império e quem pagou foi o povo, mas se Lula não tivesse a vontade política, ela não existiria”, afirmou. Apesar de estar presente no ato, ela deixou claro que o partido terá candidatura própria em 2018. “Queremos deixar mais claro para o público que, apesar termos sido parte do governo, temos opinião própria sobre alguns pontos.”
Caravanas
A Central Única dos Trabalhadores em Pernambuco (CUT-PE) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-PE) estão organizando caravanas até a cidade de Monteiro, que sairão de municípios vizinhos e também do Recife. “A vinda dele é muito importante para estabelecer a verdade e inaugurar uma obra que foi sonhada por muitos anos pelos nordestinos”, pontuou Carlos Veras, presidente da CUT-PE. “Nossa ida será no sentido de valorizar o período histórico (da inauguração), ao mesmo tempo que nos colocamos contra o golpe e queremos efetivamente a volta de Lula”, acrescentou Jaime Amorim, coordenador do MST-PE.
Discurso
Durante o périplo que pretende fazer pelo país, o ex-presidente Lula já sinalizou que pretende fazer uma ofensiva às medidas adotadas pelo presidente Michel Temer, especificamente à reforma da Previdência. “Estou disposto a voltar a ter 35 anos, estou disposto a andar por esse país, alertando o povo brasileiro sobre o que está em jogo”, disse o petista na útima segunda-feira, durante o Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais.
O discurso, aliado à alta rejeição que a proposta tem encontrado na sociedade, pode fortalecer ainda mais a pavimentação de uma candidatura e, na avaliação de especialistas, é politicamente pensado. “Da mesma forma acontecerá no Nordeste, onde ele vai utilizar a questão da diminuição dos programas sociais, como o Bolsa Família, Fies e Prouni. Tudo o que foi positivo durante os governos dele estará no discurso”, disse Isaac Luna, acrescentando que tal estratégia poderá, inclusive, reaproximar setores da classe média que se afastaram do petista nos últimos anos. “O medo de não se aposentar lá na frente pode fazer com que Lula seja visto como a salvação”.
“Isso é uma forma de capitalização política por meio das centrais sindicais. Mostrar os desmandos da atual gestão, enfraquecê-la e amputar qualquer sucessor (à presidência) que possa emergir do atual governo é uma iniciativa prevista nas estratégias de longo e médio prazo”, disse Thales Castro. Para ele, a discussão em torno da paternidade da transposição certamente permanecerá até 2018.|