Brasil - Primeiro vice-presidente da Câmara e
coordenador da bancada de Minas Gerais na Casa, o deputado Fábio Ramalho
(PMDB-MG) anunciou nesta quinta-feira, 23, rompimento pessoal com o governo
Michel Temer. O anúncio foi uma reação à indicação do deputado Osmar Serraglio
(PMDB-PR) para o comando do Ministério da Justiça, cargo que era cobiçado pela
bancada mineira.
“Estou
rompendo com o governo e vou colocar toda a bancada de Minas para romper
também. Se Minas Gerais não tem ninguém capacitado para ser ministro, não
devemos apoiar esse governo. Vou trabalhar no plenário contra o governo, para
derrotar o governo em tudo. A vice-presidência da Câmara vai ser um ponto de
apoio aos que não estão contentes” afirmou Ramalho em entrevista ao Broadcast
Político, serviço de notícia em tempo real do Grupo Estado.
Ramalho defendia o nome de um
mineiro para substituir Alexandre de Moraes no Ministério da Justiça. “Minas
não aceita mais ficar sem ministério. Minas quer participar do governo. Temos a
segunda maior economia do Brasil, a segunda maior população; Fomos a bancada
que deu mais votos para o impeachment (da ex-presidente Dilma Rousseff)”,
cobrou em entrevista à imprensa no início de fevereiro.
O nome defendido pela
bancada mineira - a segunda maior da Câmara, com 53 deputados - para a
Justiça era o do deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG). O peemedebista, porém,
perdeu força para ocupar o cargo, após virem à tona críticas feitas por ele ao
poder de investigação do Ministério Público. Em 2013, Pacheco se posicionou
contra o poder de investigação do MP, quando a Câmara discutia PEC sobre o
tema. Após protestos públicos, a proposta foi engavetada. O rompimento de
Ramalho, se levado a cabo, pode trazer complicações para o presidente Michel
Temer. Como o Brasil está sem vice-presidente da República, o 1.º
vice-presidente da Câmara assumirá o comando da Casa sempre que Temer viajar e
o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assumir a Presidência do
País. Como presidente da Casa, caberá a Ramalho definir a pauta de votações.
Ramalho já deu o tom
de como trabalhará contra o governo Temer na Câmara. “Essa reforma da
Previdência é uma vergonha. Vamos votar contra. Queremos uma reforma justa, que
seja construída pelo Parlamento, e não que venha do Palácio do Planalto”, disse
Ramalho, que foi eleito 1.º vice-presidente da Casa de forma avulsa, contra o
candidato oficial da bancada.|estadão