Kaciane Marques descobriu o
interesse pelos livros “bem novinha”, como ela mesma conta. Original da cidade
de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, a jovem de 11 anos foi
apresentada ao mundo de histórias, aventuras e personagens fantásticos por meio
do contato com os irmãos e familiares.
“Eu queria aprender a ler e escrever desde
muito cedo. Foi aí que eu comecei a brincar de escolinha com os meus irmãos, e
eles me ensinaram bastante. Quando entrei para a escola, praticamente já sabia
ler e escrever. Depois de já ter aprendido um pouco, minha irmã me ajudava em
casa”, relembra. Mais tarde, uma professora do segundo ano estimulou ainda mais
esse contato com os livros.
O primeiro título que ela leu? As
aventuras de Pedro, o Coelho, da escritora Beatrix Potter. “Eu achei mágico.
Como foi meu primeiro livro, me imaginei dentro dele. Ainda hoje me sinto
dentro do livro quando leio, e isso me encanta, sinto prazer de ler cada vez
mais”.
Amor pelos livros
Segundo ela, “não existe um segredo” para
gostar de ler. “Para desenvolver esse prazer pela leitura devemos começar a ler
livros do nosso interesse, do gênero com o qual nos identificamos e claro, como
é o começo, com poucas páginas. Você só precisa se dedicar, ou seja, largar o
celular”, explica Kaciane, que até o momento desta entrevista havia lido exatos
565 livros.
“Sem os livros, nada disso teria
acontecido. Minha biblioteca não estaria funcionando e não teria acesso às
oportunidades que eu tive.”
Nas indicações de Kaciane, uma variedade
de livros infanto-juvenis. “Gosto bastante dos livros escritos pela Paula
Pimenta — veja nossa entrevista com a
escritora — , que é bem aconselhável para as pessoas da minha
idade. Também gosto bastante dos quadrinhos do Mauricio de Sousa e dos livros
da Thalita Rebouças”, recomenda.
Realização
Apaixonada pela leitura, em 2015, Marques
realizou um sonho: inaugurou uma pequena biblioteca nos fundos da casa onde
mora com a família. O espaço — que fica na rua Projetada 31, número 306, no
bairro Lealdade e Amizade, em São José do Rio Preto, e funciona das 14h às
17h — foi construído com o apoio de algumas empresas e doadores.
São mais de 4 mil títulos e um fluxo
semanal de 300 visitantes, muitos deles vindos de outros bairros. “Para uma
pessoa retirar os livros aqui é necessário fazer um cadastro com o endereço e
telefone. Depois disso, ela pode pegar até cinco livros e tem o prazo de 15
dias para devolver. Se não terminar de ler, pode renovar”, explica.
Isso muda o mundo
Recentemente, Kaciane conquistou uma bolsa
de estudos em uma escola particular do município onde vive, efeito do confesso
interesse pelos livros e dedicação aos estudos. Outro sonho realizado pela
jovem foi o lançamento do primeiro livro: Tanto faz ou qualquer coisa, trabalho
publicado pela HN Editora.
“Sem os livros, nada disso teria
acontecido. Minha biblioteca não estaria funcionando e não teria acesso às
oportunidades que eu tive. Meu livro dificilmente seria publicado. Mesmo essa
entrevista não seria possível. Os livros mudaram tudo”, conclui.| http://gshow