Segundo as investigações, em 2012, o então
ministro Mantega atuou diretamente junto ao comando de uma das empresas
contratadas pela Petrobras para negociar o repasse de recursos para pagamentos
de dívidas de campanha de partidos políticos aliados do governo.
Mantega comandou o ministério entre 2006 e
2014, nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma
Rousseff.
A nova fase, batizada de Arquivo X, cumpre 33
mandados de busca e apreensão, oito de prisão temporária e oito de condução
coercitiva (quando a pessoa é obrigada a ir prestar esclarecimentos) no
Distrito Federal e em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do
Sul e Bahia.
Inicialmente, a PF foi até a casa de Mantega
no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, mas o ex-ministro não
estava no local. Ele se encontrava no Hospital Albert Einstein, na zona sul da
cidade, onde acompanhava a mulher e foi preso.
Além do ex-ministro, executivos das empresas
Mendes Júnior e OSX (que era de Eike Batista) são alvos desta fase.
Segundo a PF, são investigados fatos
relacionados à contratação por parte da Petrobras de empresas para a construção
de duas plataformas (P-67 e P70) para a exploração de petróleo na camada do
pré-sal.
De acordo com as investigações, o Consórcio
Integra Ofsshore (formado pela Mendes Júnior e OSX) firmou com a Petrobras um
contrato no valor de US$ 922 milhões (R$ 2,96 bilhões em valores atuais) muito
embora não possuísse experiência, estrutura ou preparo para tanto.
Para conseguir isso, diz nota da PF, os
seguintes expedientes foram utilizados: "fraude do processo licitatório,
corrupção de agentes públicos e repasses de recursos a agentes e partidos
políticos responsáveis pelas indicações de cargos importantes da estatal."
Eike diz que pagou R$ 5
milhões ao PT
Em nota, o Ministério Público Federal do
Paraná (MPF-PR) diz que Eike, ex-presidente do Conselho de Administração da
OSX, prestou depoimento e declarou que, em 2012, recebeu pedido de Mantega para
que fizesse um pagamento de R$ 5 milhões para o PT.
Na época, o ex-ministro era presidente
do Conselho de Administração da Petrobras.
Para realiza o pagamento, Eike disse que
firmou um contrato falso com uma agência de publicidade para lavar o dinheiro.
"Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em
19 de abril de 2013, foi realizada transferência de US$ 2,35 milhões, no
exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários."
A nota, porém, não cita nem o ex-marqueteiro
do PT João Santana nem sua mulher, Mônica Moura, que foram presos pela Lava
Jato em outra fase.
Ainda segundo MPF-PR, cerca de R$ 7 milhões
foram transferidos, entre fevereiro e dezembro de 2013, pela Mendes Júnior para
um operador financeiro ligado ao PT e à Diretoria Internacional da Petrobras.
Ainda de acordo com o MPF, também foi
identificado repasse de mais de R$ 6 milhões pelo Consórcio Integra Ofsshore
para a Tecna/Isolux utilizando um contrato falso. Para os investigadores, o
beneficiário desses recursos era o ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu,
já preso pela Lava Jato.
De acordo com a PF, o nome Arquivo X é uma
referência ao grupo empresarial de Eike Batista, que tem como marca a colocação
e repetição do "X" nos nomes de suas companhias.
No começo do ano, um fundo de Abu Dhabi
comprou parte das empresas de Eike, incluindo ações da OSX. O brasileiro,
porém, manteve 11,77% das ações da companhia.|uol