O ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, determinou a abertura de
inquérito para investigar a presidenta afastada Dilma Rousseff e o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por suposta obstrução das investigações
da Operação Lava Jato. A investigação atende a pedido do procurador-geral da
República, Rodrigo Janot.
Também serão
investigados os ex-ministros José Eduardo Cardozo e Aloizio Mercadante, o
presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Francisco Falcão, o ministro
do STJ Marcelo Navarro Ribeiro Dantas e o ex-senador Delcídio do Amaral.
O pedido do
procurador é baseado na delação premiada feita pelo então senador Delcídio do
Amaral. Em uma das oitivas, o senador acusou a presidenta afastada Dilma
Rousseff e o ex-presidente Lula terem interesse em nomear, no ano passado, o
ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Marcelo Navarro Ribeiro Dantas
para barrar as investigações da Operação Lava Jato e libertar empreiteiros
presos.
Segundo o
ex-senador, a suposta tentativa contou com o apoio de José Eduardo Cardozo, que
na época ocupava o cargo de ministro da Justiça, responsável por indicar
informalmente à Presidência da República nomes de possíveis candidatos e do
ex-ministro Aloizio Mercadante.
Outro lado
Em nota, a defesa
de Lula afirmou que o ex-presidente jamais interferiu nas investigações da Lava
Jato. Os advogados também sustentaram que Lula não se opõe a qualquer
investigação, desde que o direito de defesa seja respeitado.
"Se o Procurador-Geral da República pretende investigar o ex-presidente
pelo teor de conversas telefônicas interceptadas, deveria, também, por
isonomia, tomar providências em relação à atuação do juiz da Lava Jato [Moro]
que deu publicidade a essas interceptações — já que a lei considera, em tese,
criminosa essa conduta", diz a defesa.
Dilma Rousseff declarou, por meio da assessoria, que não praticou nenhum ato
para barrar as investigações da Lava Jato.
“A assessoria de imprensa da presidenta Dilma Rousseff afirma que a abertura do
inquérito é importante para elucidar os fatos e esclarecer que em nenhum
momento houve obstrução de Justiça. A verdade irá prevalecer”, diz a nota.
Em nota, Mercadante negou que tenha obstruído as investigações. “A decisão do
Supremo Tribunal Federal de abertura de inquérito será uma oportunidade para o
ex-ministro, Aloizio Mercadante, demonstrar que sua atitude foi de
solidariedade e que não houve qualquer tentativa de obstrução da justiça ou de
impedimento da delação do então senador Delcidio do Amaral”, diz a nota.
A Agência Brasil entrou
em contato com os ministros do STJ, que informaram que não vão se manifestar
hoje sobre a abertura da investigação.|agenciabrasil