Já
não restam dúvidas de que o golpe parlamentar brasileiro, comandado por Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), foi uma conspiração da elite corrupta brasileira para afastar
uma presidente honesta do cargo. "Uma assembleia de bandidos, presidida
por um bandido", como definiu o escritor português Miguel Souza Tavares.
A confissão mais contundente
foi feita pela senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), líder do governo interino,
que, em entrevista à Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, admitiu que ninguém
leva a sério a tese das pedaladas fiscais – pretexto usado para o golpe.
Se isso não bastasse, ontem a
defesa da presidente Dilma Rouseff obteve uma prova material do golpe, quando
uma perícia do Senado comprovou que ela não tem qualquer responsabilidade pelo
que se convencionou chamar de pedaladas. A notícia não pôde ser escondida nem
nas manchetes de Folha, Estado e Valor, que forçosamente reconheceram a
inocência de Dilma.
Depois disso, colunistas de
jornais conservadores, como Dora Kramer e Eliane Cantanhêde, afirmaram que a
perícia não deve mudar um único voto, porque o impeachment seria um processo político
– e não jurídico.
Não é bem assim. A tese de
julgamento político poderia ser admitida, no máximo, para a fase de
admissibilidade do impeachment. Na etapa final, o julgamento passa a ser
presidido pelo ministro Ricardo Lewandowski, que é também presidente do Supremo
Tribunal Federal. Ou seja, o caso passa a ser mais jurídico do que político.
Se as mais recentes provas da
defesa de Dilma, que são a confissão de Rose de Freitas e a perícia do Senado
não forem consideradas pelos senadores, o caso não chegará ao fim tão cedo. A
tendência é que a denúncia de golpe, comprovado testemunhal e materialmente,
seja levada à Corte Interamericana de Direitos Humanos das Nações Unidas.