PMDB e PP estão em franca disputa pelo controle do Ministério da
Saúde, num eventual governo de Michel Temer. Mesmo em tempo de epidemias e com
orçamento mais apertado do que no passado, a pasta continua sendo uma das mais
cobiçadas na Esplanada dos Ministérios.
Temer quer
que o posto seja ocupado por uma estrela. O presidente do PP, Ciro Nogueira, já
tem um nome em mente: o cirurgião paulista Raul Cutait, que por anos esteve à
frente do Hospital Sírio Libanês. Sondado, Cutait ainda não deu a palavra
final.
Ciro
Nogueira, por sua vez, desconversa: "O Raul é um grande amigo meu. Se
couber ao partido a indicação, é um dos nomes que tenho. É um dos primeiros
nomes com que vou conversar", completou.
Temer já
havia acenado com a possibilidade de manter um acordo previamente alinhavado
com o PP. A ideia inicial era que o partido assumisse o comando de dois
ministérios, a princípio Integração Nacional e Saúde.
Nesta semana, no entanto, começou a ganhar corpo um movimento dentro dos
quadros do PMDB para garantir que a Saúde, assumida no fim do ano passado,
permanecesse nas mãos do partido. Integrantes da bancada peemedebista descrevem
uma série de justificativas para isso: PP não teria um nome de peso para ocupar
a pasta (e assim, não teria como atender a condição previamente imposta por
Temer), ao passo que PMDB teria várias pessoas com certa tradição na luta pela
saúde. O movimento sanitarista, argumenta a bancada, teve início com PMDB.
Além disso,
argumenta a bancada peemedebista, o PP teria muito mais tradição em outra área,
a da Agricultura. Faria mais sentido, dizem, que integrantes do PP assumissem
esse posto.
Mas os
motivos que fazem PMDB querer assegurar a Saúde não passam nem de perto da mera
manutenção da tradição. A pasta é um ministério com grande capilaridade: há
postos a serem preenchidos em todos os cantos do País. Investimentos na saúde -
como hospitais, ambulâncias e contratação de médicos - sempre foram um trunfo
importante para ganhar a simpatia da população. Os atrativos ganham uma
importância ainda maior agora, com a proximidade das eleições municipais.
O PP, por sua
vez, já deixou claro que não abre mão da pasta da Saúde num eventual governo
Temer, tornando difícil, assim, uma eventual troca pela Agricultura. Enquanto a
definição não é feita, os partidos continuam trabalhando em busca de nomes de
estrelas. O presidente do PP, embora negue a sondagem a Cutait, afirma que o
médico seria importante não apenas para ocupar o posto de ministro. "Ele é
importante também para ajudar na formulação do partido. Não teve nenhum
convite, até porque não está certo que essa pasta virá ao partido, mas é um
nome maravilhoso."|uol