Na
palestra que fez na sexta-feira, dia 18, em Manaus, no Comando Militar da
Amazônia, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo
Lewandowski, alertou aos generais que lotavam o auditório que a nação está em
perigo.
“A nação que nós estamos construindo, general Villas Boas,
infelizmente está em perigo. Nós estamos trazendo esse mundo conflituoso para o
nosso País”, analisou o ministro pouco depois de dizer que antes estava
otimista com o Brasil e depois dizer aos militares:
“De repente, estamos diante de um fenômeno altamente
preocupante”, disse o presidente da Suprema Corte reafirmando esse seu
pensamento perto de encerrar sua palestra, quando disse em primeira pessoa:
“Estou extremamente preocupado com o mundo que estamos vivendo hoje”.
Coincidentemente, a palestra que Ricardo Lewandowski fez para os
militares, em Manaus, foi baseada na Teoria Tridimensional do Direito do
filósofo brasileiro Miguel Reale, pai de Miguel Reale Júnior, autor do processo
de impeachment que pode derrubar o governo da presidente Dilma Rousseff (PT).
“Mas dizia Miguel Reale que os macro modelos jurídicos, os micro
modelos jurídicos ou os outros modelos jurídicos em geral têm outras dimensões,
mais duas além da dimensão normativa. Uma delas é a dimensão fática e a outra
uma dimensão axiológica ou valorativa. Porque o Direito se produz através dos
fatos de uma necessidade social. E, evidentemente, essa necessidade social ela
é plasmada, ela é informada a partir de valores”, comentou.
Para sustentar seu raciocínio, o ministro discorreu ainda
conceitos da Filosofia, à qual se declarou fã.
Nessa parte de sua fala ele citou o conceito de conflito social
em Marx, mas evitou desenvolvê-lo; rejeitou o princípio da imutabilidade em
Parmênides e se mostrou partidário do pensador Heráclito de Éfeso, que postulou
a ideia de que no mundo “tudo muda, tudo se transforma, tudo está no eterno
devir”.
Com
base nesse pensamento que desenvolveu, o presidente da Suprema Corte se dirigiu
diretamente aos militares:
“Então,
eu queria lhes dizer que longe de nos assustarmos com essas mudanças que o
mundo está hoje vivendo nós temos que enfrentá-las com racionalidade, com
conformismo e com sabedoria. E as Forças Armadas, mais do que ninguém,
acostumadas com as transformações, a cada instante enfrentam, devem estar
preparadas para ter essa visão dialética”.|bnc