O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou nesta quarta-feira, 16, que é "escandaloso" Lula ser alçado a ministro-chefe da Casa Civil num momento em que é investigado pela Justiça e pode se tornar réu. "Isso aumenta a crise moral no País", disse o ex-presidente tucano, após proferir palestra em evento da área de seguros na capital paulista.

Na avaliação de FHC, a ida de Lula para a Esplanada dos Ministérios vai apenas "postergar" decisões que precisam ser tomadas. Sem falar diretamente na discussão do impeachment da presidente Dilma Rousseff, FHC destacou que a sociedade e as forças do Congresso é que terão de reagir com força. "Lula é competente no jogo político e vai usar a sua capacidade para postergar decisões."

Segundo FHC, como o ex-presidente petista não tem convicções firmes em área nenhuma "e muito menos na econômica", se continuar nessa fase de baixar juros e aumentar crédito, o País irá retroceder. "É um mau momento para isso", emendou.

E continuou: "Se o poder político dele for nessa direção, vai atrasar ainda mais (a recuperação do País), porque pode causar euforia momentânea em alguns setores, mas vai agravar ainda mais a situação lá pra frente." FHC ironizou: "Lula é maleável, se a sociedade gritar ele vai retroceder na economia."
Ainda sobre Lula, sem citar especificamente o agora ministro-chefe da Casa Civil, Fernando Henrique disse que não se pode dirigir o País sendo analfabeto. "Assim não dá", frisou. O ex-presidente tucano estava neste momento falando que o Brasil precisa investir em Educação e que seus dirigentes devem ter conhecimento. Após o evento, FHC deixou o local sem falar com a imprensa.

Uso das reservas
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que mexer nas reservas internacionais do País é um grande erro. "O uso das reservas é um erro grave, vai mexer no mercado e fazer o dólar subir. Não vão usar para investir, mas para nomear", avaliou o tucano durante evento em São Paulo.

FHC disse ainda que, quando se perde condição de governar, a sociedade muda e diz que se cansa da corrupção e quer mudar, quer respostas. Hoje, na visão dele, está todo mundo reunido em Brasília, mas sem saber o que fazer. "Não se pode ficar balançando sem rumo. A presidente atual perdeu a chance de fazer, mesmo depois de eleita", destacou ele, acrescentando que "não se pode negociar a questão moral, doa a quem doer."



O ex-presidente afirmou também que é preciso mexer em questões cruciais, como a reforma da Previdência. E garantiu que não dá para deixar o governo federal sem regra de gastos. "O desafio é passar da quantidade para a qualidade."

FHC criticou a troca de ministros no governo Dilma. "O governo atual muda ministro toda hora no mesmo governo. Não pode. Tem de dar continuidade. Não se pode dizer que quer cuidar de Saúde e Educação se não cuida dos seus ministros", afirmou ele, acrescentando que durante sua gestão teve apenas um ministro da Saúde por oito anos.

Petrobras

Fernando Henrique Cardoso disse, ainda, que a Petrobras está se desfazendo de alguns dos seus ativos no pior momento. "A Petrobras ficou muito grande e é difícil controlar. Está sendo obrigada a vender ativos no pior momento, a preços mais baixos por conta da situação da economia que piorou", afirmou.

FHC defendeu a flexibilização do pré-sal e criticou o fato de o governo ter centralizado tudo na Petrobras, enquanto deveria ter criado regras mais restritas. Segundo ele, a estatal terá de ser capitalizada em qualquer momento.|imagem da internet - fonte tribunadabahia

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