Foto: Geraldo Magela / Agência Senado |
Documentos apreendidos na 26ª fase da Operação Lava-Jato, realizada na
terça-feira, mostraram uma lista com pelo menos 200 políticos e agentes públicos
que teriam recebido propina da
empreiteira Odebrecht. A planilha detalha
pagamentos ilícitos que teriam ocorrido principalmente em 2014, envolvendo 18
partidos. Entretanto, segundo o site UOL, o esquema seria mais antigo, tendo
ocorrido desde o mandato de José Sarney (1985-1990).
O portal
teve acesso a outros 400 documentos internos da empreiteira, sendo a maior
parte datada de 1988. Os papéis comprovariam que enquanto Sarney estava à
frente da presidência, repasses foram feitos a 516 agentes públicos,
empresários, empresas, instituições e políticos. Entre eles, há ex-ministros, senadores,
deputados, governadores, integrantes de partidos como PSDB, PMDB e PFL (atual
DEM). Os documentos estavam sob responsabilidade de uma funcionária da
Odebrecht.
A documentação apreendida era chamada de
"Livro de Códigos" e continha uma lista com o nome "Relação de
Parceiros". Apelidos e codinomes de políticos, agentes públicos e
empresários relacionados às obras da Odebrecht integram a
lista. Um dos nomes que apareceriam é de Antonio Imbassahy, atual deputado
federal pelo PSDB. Ele é identificado com o apelido "Almofadinha" e
estaria relacionado à obra da barragem de Pedra do Cavalo, na Bahia.
Também do
PSDB, estaria na lista Arthur Virgílio, atual prefeito de Manaus, sob o
codinome "Arvir". Do PMDB, constariam Jader Barbalho
("Whisky"), atualmente senador, e o ex-ministro de Minas e Energia,
senador Edison Lobão ("Sonlo"). Os filhos do ex-presidente José
Sarney, Fernando e José Filho, apareceriam com os codinomes "Filhão"
e "Filhote". Roseana Sarney seria chamada pelo nome de casada,
"Roseana Murad", aparecendo como "Princesa".
Fernando
Collor de Mello, sob apelido "Mel", também estaria na lista, além do
atual presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz, com o
codinome "Toldo". Outro nome que constaria nos documentos é do já
falecido ex-deputado federal e governador do Mato Grosso, Dante Oliveira, com o
apelido "Ceguinho".
Uma
ex-funcionária da empreiteira, Conceição Andrade — que atuou antes de Maria Lúcia Tavares, que delatou o esquema atual na
Lava-Jato — afirmou
que, na época em que trabalhava na empresa, o esquema funcionava de forma
semelhante ao que consta na lista divulgada na terça-feira.
— Eram
porcentagens de valores das obras. Era feito o fechamento, e determinava um
percentual. A partir daí ocorria o superfaturamento e o pagamento. Tudo isso
era feito através de transações bancárias e dinheiro. É bem semelhante ao que
foi divulgado na Lava-Jato, mas hoje tem um departamento específico para isso.
Naquela época era feito em nível de gerência, mas acredito que tenha funcionado
em diretoria e presidência também — explicou Conceição ao site.
Ao UOL, a
Odebrecht afirmou "que não se manifestará sobre o tema". À exceção de
Jader Barbalho, Fernando Sarney, José Sarney Filho e Aroldo Cedraz,
que não foram localizados pela reportagem, os demais políticos negaram qualquer
envolvimento em esquema de propinas com a construtora.|zh