Na mesma delação premiada em que cita Aécio Neves como um
dos destinatários do dinheiro de corrupção, funcionário do doleiro Alberto
Youssef, peça-chave na Operação Lava Jato, afirma ter entregado propina também
para o presidente do Senado, Renan Calheiros, e Randolfe Rodrigues.
Reportagem
publicada ontem pela ‘Folha de S.Paulo’ destaca trecho de delação dada em julho
pelo entregador Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará. Em depoimento, Rocha
explicou que em 2008 passou a fazer entregas de R$ 150 mil ou R$300 mil a
vários políticos. Confirmou ter feito em 2013 “umas quatro entregas” a um
diretor da UTC chamado Miranda, no Rio. Uma, no valor de R$ 300 mil, seria para
Aécio. “Ele não é da oposição?”, teria dito Rocha. O diretor da UTC teria
respondido: “A gente dá dinheiro pra todo mundo: situação, oposição, todo
mundo”.
Entre janeiro e fevereiro de 2014, Youssef informou
que teria de levar R$ 1 milhão de Recife a Maceió. O delator disse que entregou
o dinheiro, em duas partes, para “um homem elegante” num hotel na capital
alagoana. Rocha disse ter questionado Youssef sobre o destinatário do dinheiro,
e o doleiro teria respondido: “O dinheiro é para Renan Calheiros”. Em relação
ao senador Randolfe Rodrigues, Rocha disse que Youssef afirmou, em referência
ao senador socialista: “Para esse aí já foram pagos R$ 200 mil.”
Todos negaram as acusações. Aécio afirmou que “a
citação é falsa e absurda” e “não tem nenhuma comprovação”. “Trata-se de mais
uma tentativa de confundir a opinião pública em um escândalo que pertence ao governo do
PT”. Por meio de sua assessoria de imprensa, o senador Renan
Calheiros negou as imputações e reitera “que não conhece a pessoa de nome
Alberto Youssef”. Randolfe também diz desconhecer o doleiro e o delator e
garante que a peça é “sem noção”. “É hilário, incabível. Esse valor de R$ 200
mil é maior que o orçamento da minha campanha.” Informações do odia | Foto: Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados