O
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso revela ter sido alertado sobre um
"escândalo" na Petrobras em 1996. O relato está no livro
"Diários da Presidência – volume I", que traz anotações do diário de
FHC dos dois primeiros anos de seu governo, a ser lançado no próximo dia 29.
O tucano
descreve uma conversa que teve com o dono da CSN (Companhia Siderúrgica
Nacional), Benjamin Steinbruch, que havia sido nomeado por FHC para o conselho
da Petrobras. "Eu queria ouvi-lo sobre a Petrobras. Ele me disse que a Petrobras
é um escândalo. Quem manobra tudo e manda mesmo é o Orlando Galvão Filho,
embora Joel Rennó tenha autoridade sobre Orlando Galvão", escreve.
O
ex-presidente está se referindo, no relato, ao então presidente da BR
Distribuidora (Galvão Filho) e ao então presidente da estatal (Joel Rennó). No
mesmo ano, o jornalista Paulo Francis fez uma denúncia ao vivo na TV, durante o programa
Manhattan Connection, sobre um esquema de corrupção na estatal.
Ainda em
seus relatos, FHC descreve, conforme aponta reportagem dos jornalistas Renato
Onofre, Tiago Dantas e Silvia Amorim, do Globo, que o mais grave na estatal era
"que todos os diretores da Petrobras são os mesmos do conselho de
administração". FHC classifica o fato, no livro, como "uma coisa
completamente descabida".
E conclui
que é preciso fazer uma "intervenção", embora admita que não irá
fazê-la. "Acho que é preciso intervir na Petrobras. O problema é que eu não
quero mexer antes da aprovação da lei de regulamentação do petróleo pelo
Congresso, e também tenho que ter pessoas competentes para botar lá", diz.
Nas delações
da Operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção na petroleira, já
havia sido citado que o escândalo era anterior ao governo Lula. Pedro Barusco,
ex-gerente da estatal e um dos que mais acumularam fortuna com dinheiro de
propina (cerca de R$ 180 milhões), revelou ter conseguido alcançar o montante
porque recebia propina desde 1997, durante o primeiro mandato do governo FHC (leia mais).|brasil247