O papa Francisco desembarcou na tarde deste sábado,
19, no aeroporto internacional José Martí, em Havana, e foi recebido pelo
presidente cubano, Raúl Castro. Em seu discurso de chegada, o pontífice pediu
que a reaproximação entre Cuba e Estados Unidos seja um exemplo de
reconciliação para evitar uma “terceira guerra mundial em etapas” no mundo. “O
mundo precisa de reconciliação, principalmente num momento de terceira guerra
mundial em etapas em que estamos vivendo”, afirmou o papa. No discurso,
Francisco também pediu que Raúl transmitisse “sentimentos de especial
consideração e respeito” ao irmão Fidel Castro, líder da Revolução Cubana.
Segundo apurou o Estado, apesar de não haver previsão na agenda oficial,
Francisco deve se encontrar com Fidel na noite de hoje ou no fim da tarde de
amanhã. Mediador do diálogo que levou à retomada da relação bilateral entre
Cuba e os Estados Unidos, o papa celebrou o acordo anunciado pelos presidentes
Raúl e Barack Obama no dia 17 de dezembro. “Temos sido testemunhas de um acontecimento
que nos enche de esperança: o processo de normalização das relações entre dois
povos, após anos de afastamento”. Francisco sinalizou novamente um pedido pela
queda do embargo econômico contra a ilha ao conclamar “os responsáveis
políticos a prosseguir por este caminho e a desenvolver todas as suas
potencialidades”.
O fim do embargo é um dos pedidos centrais do regime cubano
na negociação para normalização plena da situação em relação a Washington, mas
é uma ação que depende de votação no Congresso dos Estados
Unidos. Lembrando que o caminho que levou à abertura foi iniciado pelo
papa João Paulo II, que visitou a ilha em 1998, Francisco comparou as
declarações do então pontífice a escritos de José Martí, herói nacional cubano.
O líder católico afirmou que Cuba tem “vocação natural” para “ser ponto de
encontro para que todos os povos se reúnam na amizade, como sonhou José Martí”.
E continuou: “Este mesmo desejo foi exprimido por São João Paulo II com seu
ardente apelo para que ‘Cuba, com todas as suas magníficas possibilidades, se
abra ao mundo e o mundo se abra a Cuba’”. Após a chegada e a recepção no
aeroporto, o papa iniciou o cortejo pelas ruas da cidade a caminho da
Nunciatura Apostólica, onde ficará hospedado durante a etapa da viagem na capital. Materia original aqui | Foto - reprodução