O pagamento no mês de agosto de 50% do abono
pago a aposentados e pensionistas não é obrigatório, mas o governo vinha
adotando essa prática de fazer o adiantamento desde 2006
A dois
dias das manifestações programadas para todo o País contra Dilma Rousseff, o
governo decidiu que não vai pagar em agosto o adiantamento do 13º salário de
aposentados e pensionistas do INSS. Fonte do Ministério da Fazenda confirmou
que a decisão foi tomada. As manifestações estão previstas para o próximo
domingo, 16.
O pagamento no mês de agosto de
50% do abono pago aos beneficiários da Previdência Social não é obrigatório,
mas o governo vinha adotando essa prática de fazer o adiantamento desde 2006.
No ano passado, um decreto assinado ainda no dia 4 de agosto pela presidente
Dilma permitiu que os repasses fossem feitos entre 25 de agosto e 5 de
setembro. O valor foi creditado junto com o pagamento dos benefícios mensais.
De acordo
com um auxiliar do ministro Joaquim Levy, a Pasta tenta encontrar uma solução
para o problema até o fim do mês, mas ainda não há previsão de nova data para o
pagamento. O Ministério da Previdência Social não confirma a informação e
ressalta que o assunto está sendo tratado pelo Ministério da Fazenda.
Oficialmente, a Fazenda ainda não anunciou a decisão.
Poupança. Sangrando por causa do baixo rendimento e da
piora do mercado de trabalho, a poupança deve receber mais um duro golpe em
agosto. Isso porque os depósitos que ainda são feitos na caderneta nos últimos
tempos têm vindo justamente da parcela de recursos extras de trabalhadores e
aposentados. Tanto que o grosso das aplicações tem sido concentrada no último
dia de cada mês, quando muitas baixas automáticas são realizadas.
Confirmado
esse não pagamento, aumenta a chance de, com menos sobra ainda de recursos, a
poupança sofrer mais este baque. Desde o começo do ano, os resgates têm
superado as aplicações. De janeiro a julho de 2015, os saques já superam os
depósitos em R$ 41 bilhões. A falta desses recursos atingiu diretamente duas
áreas importantes de crédito para o País: o imobiliário e a agricultura.
Por causa
disso, no final de maio o governo apresentou uma complexa engenharia financeira
para tentar prover funding a essas operações. O resultado revelado até agora
por meio de dados do Banco Central é positivo e mostra que a ação ajudou no
redirecionamento dos recursos. Mas a escassez nessa aplicação é de
infraestrutura e segue como um problema ainda a ser resolvido pelo
governo.
Tradicionalmente,
agosto é mais fraco para a poupança na comparação com mês anterior. Julho é um
período em que muitos trabalhadores tiram férias e podem receber adiantamento
do 13º salário, além dos demais benefícios. Há, portanto, mais chances de sobra
dos rendimentos para investimento. Com a situação crítica da caderneta, o
quadro tende a piorar. Em julho, o volume de resgates foi R$ 2,5 bilhões maior
do que o de aplicações. Nos primeiros 10 dias deste mês, o resultado já está
negativo em R$ 2,3 bilhões. | economia.estadao