BRASÍLIA
e RIO - A presidente Dilma Rousseff conversou pelo telefone, na manhã desta
sexta-feira, com o presidente da Indonésia, Joko Widodo, mas não conseguiu
clemência para os brasileiros Marco Archer Cardoso Moreira e Rodrigo Muxfeldt,
condenados à morte por tráfico de drogas. O assessor especial da presidência,
Marco Aurélio Garcia, afirmou que só um “milagre” pode reverter a decisão e
disse que ficará uma “sombra” na relação entre os dois países. O Itamaraty, por
sua vez, afirmou que pediria ao Vaticano que o papa Francisco fizesse também
algum apelo à Indonésia contra a execução do brasileiro, prevista para
acontecer a 0h de domingo na Indonésia (15h deste sábado no horário brasileiro
de verão).
Segundo o assessor especial, ja foi entregue à representação da
Santa Sé no Brasil um dossiê sobre o caso. Marco Aurélio Garcia afirmou,
contudo, ser “improvável” que a condenação à morte seja revertida:
—
Me foi assegurado que seria enviado (o dossiê) para a secretaria de Estado do
Vaticano, para que Sua Santidade pudesse interceder por uma atitude de
clemência por parte do governo indonésio, o que me parece, sinceramente,
absolutamente improvável.
— Vamos esperar que um milagre possa reverter essa situação —
disse ele, em entrevista coletiva.
( O brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, 53
(dir.), condenado a pena de morte na Indonésia por trafico de drogas, com seu
advogado, Utomo Karim, nesta quarta (14), durante a transferencia para prisao
de isolamento onde aguardara a execucao marcada para o sabado - Divulgação / Agência O Globo )
Segundo nota divulgada pela Presidência da República, Dilma
Roussef ressaltou, na conversa com o presidente da Indonésia, ter consciência
da gravidade dos crimes, disse respeitar a soberania daquele país e do seu sistema
judiciário, mas fez um apelo humanitário, como “chefe de Estado e como mãe”.
“A presidente recordou que o ordenamento jurídico brasileiro não
comporta a pena de morte e que seu enfático apelo pessoal expressava o
sentimento da sociedade brasileira”, diz trecho da nota. | oglobo