Os cursos de medicina veterinária e fonoaudiologia, da
Universidade Federal da Bahia (Ufba), e o de serviço social, da Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), tiveram autonomia suspensa e passarão por
restrições em 2015.
De acordo com
o Ministério da Educação (MEC), as graduações estão impedidas de ampliar vagas
ou abrir novos campi e polos de educação a distância, por conta de nota
insatisfatória (2) no Conceito Preliminar de Curso (CPC), realizado em 2013
pelo Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).
O conceito 2
foi obtido em uma escada de 1 a 5, cuja pontuação mínima de aprovação é 3.
Outros 121 cursos em todo o país também tiveram autonomia suspensa, e 27
vestibulares foram cancelados.
No estado,
apenas o curso de gestão ambiental do Centro Universitário Estácio da Bahia, em
Salvador, está impedido de realizar o processo seletivo no próximo ano.
A reportagem
de A TARDE tentou contatar a instituição, mas chamadas
telefônicas não foram atendidas nem e-mail respondido até o
fechamento desta edição.
"Imagem arranhada"
Segundo
Antônio de Lisboa Filho, diretor da Faculdade de Medicina Veterinária da Ufba,
a nota não corresponde à realidade do curso e, de imediato, ela não gera
consequência para os alunos ou o corpo docente além da "imagem
arranhada" da escola.
Ele afirma
que a pontuação é provisória até que o MEC envie uma equipe para avaliar
as condições de ensino na unidade. A expectativa é que a visita aconteça
no segundo semestre de 2015.
"Pode
ter havido alguma inconformidade na apuração dos dados por parte do ministério
ou da própria faculdade. Tudo será esclarecido quando o MEC vier até nós. Além
disso, temos laboratórios e três fazendas experimentais para complementar a
graduação", justifica.
Ele ainda garante que os alunos têm alcançado boas colocações nas melhores
residências e concursos públicos do país.
A estudante
Paloma Laranjeira, 21, associa a nota baixa às dificuldades enfrentadas pelos
alunos durante o processo de formação.
"Apesar
dos bons professores, as frequentes reformas no prédio causaram atrasos. Muitas
empresas que assumiram as obras declararam falência, e havia demora para que
outra desse continuidade. Tivemos aulas canceladas ao longo dos
semestres".
Em relação ao
curso de fonoaudiologia, a diretora do colegiado, Elaine de Oliveira, reconhece
que a graduação passou por complicações.
"A nota é uma consequência do momento em que a prova do Enade foi
aplicada. Contudo, também houve boicote por parte de alunos. Eles estão em
processo de mobilização", afirma.
A estudante
Viviane Pires, 21, esclarece que a intenção do boicote foi apenas para chamar a
atenção do MEC sobre a forma de avaliação dos cursos. "Não concordamos com
esse modelo. Uma única prova não é capaz de analisar todo o processo",
diz.
UFRB
Quanto ao
curso de serviço social da URFB, a coordenadora do colegiado, Heleni Ávila,
conta que foi pega de surpresa com o resultado, mas estima que algumas mudanças
sejam necessárias.
"As
implicações que a nota pode causar ainda serão analisadas. Este é um curso
novo, mas que veio mostrando bons frutos com as três turmas formadas até agora.
Contudo, os alunos não levaram a prova a sério por não confiar nesse tipo de
avaliação pelo ministério", explica.
Segundo
Heleni, mesmo com a autonomia suspensa, não havia expectativa de aumento de
vagas para o próximo processo seletivo. Ela alega que isso acarretaria
uma ampliação do corpo docente, inviável no momento.
Nesta semana,
o MEC também reprovou os cursos de medicina da Faculdade de Tecnologia e
Ciências (FTC), em Salvador, e da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc),
no sul do estado. | atarde