O candidato do PP a deputado federal, Paulo Maluf, em carreata em São Paulo |
O candidato do PP a deputado federal Paulo Maluf voltou a fazer campanha
nesta sexta-feira, três dias depois de a Justiça Eleitoral ter barrado sua
candidatura com base na Lei da Ficha Limpa. O ex-prefeito participou de uma
carreata sob gritos de “ladrão” e se comparou a Jesus Cristo ao comentar as
injustiças que sofre na vida pública.“Quem entra na vida pública tem de saber
que também Jesus Cristo foi injustiçado, JK foi injustiçado, Getúlio (Vargas)
foi injustiçado. Muita gente foi injustiçada”, afirmou Maluf quando questionado
sobre a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de barrar sua candidatura,
o que o impediria de disputar as eleições deste ano.
Na
terça-feira, a maioria dos ministros do TSE negou recurso de Maluf e entendeu
que ele é inelegível devido a uma condenação por crime de improbidade
administrativa cometido durante sua gestão na Prefeitura de São Paulo. A
Justiça Federal se apoiou em decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo que,
em 2013, condenou o ex-prefeito, acusado de superfaturamento durante a
construção do Complexo Viário Ayrton Senna. Maluf foi prefeito entre 1993 e
1996.
O
deputado voltou a recorrer da determinação da Justiça alegando que não há dolo
ou enriquecimento ilícito em sua condenação. “O acórdão do TJ foi explícito que
não há dolo nem enriquecimento ilícito. A condenação do prefeito foi muito
clara: culposa. Portanto não gera inelegibilidade”, afirmou o candidato, negando
qualquer tipo de abatimento com o ocorrido.
“Nós
vamos continuar, dentro do nosso Estado de Direito, sem nos enervar e sem
nenhum tipo de tristeza, nos defendendo. Eu não estou impedido de fazer
campanha. E meu número vai estar na urna eletrônica: é 1111”, disse Maluf, que
se considera inocente e o político “mais ficha limpa de São Paulo”.
Xingamentos.
Por pouco mais de uma hora, o candidato percorreu as ruas do Brás em cima de um
jipe vermelho. Sentado no banco da frente, Maluf foi só simpatia ao distribuir
cumprimentos aos passantes, mesmo aos que retribuíam com xingamentos ou cara
feia. “Seu vagabundo!”, gritou um eleitor quando a carreata passava. “Ladrão!
Seu safado!”, berraram outros. Maluf respondia sempre com um sorriso e um
aceno.
Antes
de embarcar no jipe, o ex-prefeito declarou voto à presidente Dilma Rousseff
(PT), a quem classificou de “mais instrumentada” para o cargo. “Não dá para a
gente trocar os pneus com o carro andando. Eu voto em Dilma, porque ela é mais
instrumentada, mais competente”, afirmou Maluf, cujo partido está aliado ao PT
no âmbito federal.
O
candidato também elogiou o governador Geraldo Alckmin (PSDB), tratado por Maluf
como amigo. O PP hoje está coligado ao candidato do PMDB ao governo do Estado,
Paulo Skaf, mas antes integrava a equipe de Alckmin no Palácio dos
Bandeirantes. O partido estava alojado na diretoria da Companhia de
Desenvolvimento Habitacional e Urbano, órgão ligado à Secretaria de Habitação
de Alckmin.
“Cada
um tem seu estilo. O governador Geraldo Alckmin é um homem de bem, é um homem
honrado e está tendo maioria nas pesquisas”, disse Maluf para, em seguida,
criticar: “Eu não reprovo o estilo dele. Mas o meu é um pouco diferente. Ele
diz estar desacelerando a violência. Isso para mim não é motivo de alegria. Motivo
de alegria é acabar com a violência. Em vez de matar 30, mata 29 e fica feliz
com isso”, afirmou. O ex-prefeito disse ainda que lugar de bandido é na cadeia
e afirmou que, se fosse governador, teria colocado a Rota na rua.
Maluf
disse ainda que o governo paulista investiu pouco no setor hídrico e isso é a
principal causa da crise de abastecimento de água. Para o deputado, Alckmin
teria de demitir a diretoria da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São
Paulo (Sabesp). “Se eu fosse o governador, essa diretoria da Sabesp já estaria
no olho da rua há muito tempo”, afirmou ele. Veja no estadao