Os delegados
da Polícia Federal (PF) entregaram um documento nos últimos dias às
coordenações das campanhas de Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB),
relatando temor de que o órgão perca força e expressão durante a próxima
gestão.
Em relação a
um eventual gestão de Marina, os delegados temem que a PF seja “rebaixada”, já
que o programa de governo do PSB prevê a Polícia Federal como órgão subordinado
à Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). Hoje, a PF é diretamente
ligada ao Ministério da Justiça. Em relação a um eventual segundo governo de
Dilma, conforme o iG apurou, os
delegados da PF temem que ocorra redução de investimentos em investigações e
cortes de gastos, como já ocorreu na atual gestão.
Durante a
última semana, também foi entregue uma carta de intenções ao candidato Aécio
Neves (PSDB), mas os delegados não teceram críticas ao tucano simplesmente
porque Aécio ainda não tem um programa de governo pronto, nem propostas que
tenham chamado a atenção da PF.
Em seu programa de governo, Marina Silva fala em
aumentar em 50% o efetivo da Polícia Federal. Entretanto, o órgão, em tese,
perderia status, tornando-se um braço da Secretaria Nacional de Segurança
Pública (Senasp), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e que tem como uma
das funções, a elaboração de políticas públicas. Hoje, a PF é um braço
estratégico Ministério da Justiça e seu diretor responde diretamente ao
ministro.
Os delegados acreditam que, com essa estrutura
proposta pelo PSB, a PF teria que dividir suas prioridades com outros órgãos de
responsabilidade da Senasp, como a Força Nacional e o Departamento
Penitenciário Nacional (Depen). Delegados e agentes da PF ouvidos peloiG temem que essa estrutura comprometa as
operações policiais e aumente a influência do governo federal nas
investigações.
Dilma versus Marina:
- Dilma e Marina têm mais semelhanças que diferenças em relação à agenda LGBT
- Na economia, Dilma mantém desenvolvimentismo e Marina flerta com liberalismo
- Continuidade marca propostas de Marina e Dilma para área da Saúde
- Marina abandona discurso antipetróleo e adere ao pré-sal após crítica de Dilma
- Dilma e Marina têm mais semelhanças que diferenças em relação à agenda LGBT
- Na economia, Dilma mantém desenvolvimentismo e Marina flerta com liberalismo
- Continuidade marca propostas de Marina e Dilma para área da Saúde
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Um outro problema apontado pelos delegados é que o
plano de governo da Marina Silva deixaria brechas ao entendimento de que a PF
não teria como prioridade o combate a corrupção, quando afirma que “a meta da
nossa coligação é fortalecer a Polícia Federal aumentando seu efetivo em 50% ao
longo de quatro anos. Além disso, atribuiremos à PF a responsabilidade pelo
policiamento das nossas fronteiras, ao lado das Forças Armadas”. Em nenhum
trecho do programa de governo Marina, a PF é citada como órgão de controle e de
combate à corrupção. Em resposta ao iG, a
assessoria de imprensa da candidata Marina Silva informou apenas: “Agradecemos,
mas, no momento, não vamos participar dessa pauta”.
Dilma
No caso de Dilma Rousseff, os delegados da Polícia
Federal temem que ela mantenha a política de congelamento de concursos públicos
ou propostas de criação de cargos administrativos na Polícia Federal. Além
disso, durante a gestão Rousseff, a Polícia Federal teve uma função mais ligada
ao tráfico de drogas e de resguardo de fronteiras, o que resultou em uma
diminuição das operações de combate à corrupção.
Como exemplo do congelamento da criação de cargos
na PF durante o governo Dilma, os delegados apontam que processo iniciado em
2012 pelo Ministério do Planejamento para a realização de concurso para 450
agentes da PF e outros 150 delegados foi arquivado em abril desse ano.
Além disso, tramita desde o início de 2013,
procedimento para a contração de 2.255 agentes administrativos da PF que
ajudaria no trabalho nos aeroportos brasileiros. A proposta também está parada
no Ministério do Planejamento. O reforço estava previsto pensando,
inicialmente, na Copa do Mundo. Também estão sem definição, procedimentos de
contratação de especialistas na área de engenharia e a transformação de cargos
administrativos em cargos de nível superior no órgão.
Internamente, os delegados da Polícia Federal temem
que medidas de contenção de gastos como essas sacrifiquem operações ou
dificulte a realização de investigações em todo o Brasil. O receio dos delegados
é se essas interrupções nos investimentos continuem nos próximos anos em caso
de continuidade da gestão petista. Até o fechamento desta matéria, a assessoria
de imprensa da campanha da Dilma não respondeu aos questionamentos do iG. Veja mais no ig