A cidade de Sátiro
Dias (220 km da capital) parou neste sábado para homenagear o escritor Antônio
Torres, filho da terra que se tornou membro da Academia Brasileira de Letras
(ABL) no início deste mês.
Durante
todo o dia, uma série de eventos foi realizada e contou com a participação da
população e políticos do município.
As
festividades foram iniciadas às 8h, com missa de ação de graças. Depois, Torres
passeou pela cidade, visitou a fazenda Pilão, onde morou na infância, e ainda
fez uma palestra na biblioteca municipal, que tem o nome dele. Apresentações
artísticas, com música e peças teatrais, também foram realizadas.
Torres
se disse surpreso. "Na verdade, estou bem envergonhado. Achei exagerada
toda essa comemoração", disse, aos risos. Depois, admitiu ter sido pego
pelo coração: "Fiquei muito emocionado, há muito tempo eu não via algo tão
comovente".
Ele
chegou à igreja de N. Senhora do Amparo com a mãe, Durvalice Torres, 92, os dez
irmãos, além de primos, tios e amigos. Após a celebração, parentes discursaram.
Uma
das mais emocionadas era a funcionária pública Ivanildes Torres, tia do
escritor, que lembrou momentos da infância dele no "Junco", conhecido
hoje como o município de Sátiro Dias.
Primeira professora
Em
meio a todas as celebrações, Antônio Torres inverteu os papéis e, em vez de ser
o homenageado, resolveu prestar uma homenagem à primeira professora, Serafina
Gonçalves, 98 anos. O romancista entregou flores à ex-docente e, em troca,
recebeu dela uma placa.
O
escritor credita à ex-professora o início na literatura. "Foi ela que me
colocou para ler Castro Alves em praça pública pela primeira vez, com a
bandeira do Brasil nas mãos. Lembro que aquela leitura emocionou a população,
muitas pessoas saíram chorando. E eu fiquei encantado", relembrou Torres.
A
professora Serafina, mesmo com dificuldade para falar, afirmou que esse é um
momento de muita alegria para a população: "Agradeço a Deus por estar viva
para ver você entrar na Academia Brasileira de Letras. E agradeço a você por
lembrar sempre de mim nos seus discursos", disse a anciã.
O
prefeito da cidade, Pedrito Cruz, primo de Antônio Torres, disse que a entrada
do escritor na ABL aumentou a autoestima da população: "O povo está feliz,
alegre por ter um imortal conterrâneo". atarde