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Foram sete anos e dez defesas de cinturão até o grande nome das artes
marciais mistas (MMA, na sigla em inglês) ser batido. Anderson Silva,
em uma luta estranha, onde as provocações do brasileiro superaram sua
técnica tão aplaudida até hoje, deixou escapar o cinturão da categoria
dos pesos médios para o norte-americano Chris Weidman no UFC 162, em Las
Vegas.
O fim da série de 16 vitórias consecutivas do curitibano no maior
evento de MMA do mundo ocorreu durante o segundo round da luta contra
Weidman. Anderson Silva começou o duelo em dificuldades, ao ser
derrubado logo no início do primeiro round. Ele conseguiu se livrar do
norte-americano e voltou a ficar em pé. Depois disso, o brasileiro
passou a provocar o adversário. Ria, colocava a mão na cintura como quem
debocha do rival, o chamava para a luta a todo momento, mantendo a
guarda baixa.
A volta para o segundo round não foi diferente. Anderson parecia
querer vencer o adversário primeiro pelo psicológico. Mas não deu tempo.
Ao se abaixar um pouco, como quem finge estar caindo, o brasileiro foi
golpeado com um cruzado de esquerda, tombando no chão, completamente sem
reação. Weidman só aproveitou para disparar uma sequência de socos até
que o árbitro colocasse um ponto final na "brincadeira" de Anderson.
Brincadeira que lhe custou o título mundial.
"Me sinto incrível pelo que aconteceu. Parece surreal", disse o novo
dono do cinturão dos médios, Chris Weidman, ainda no octógono.
Questionado sobre uma possível revanche contra o maior lutador de MMA
que o mundo já conheceu, o norte-americano reconheceu a grandeza de
Silva. "Respeitem Anderson Silva. Ele é um ídolo, quero a revanche, mas
eu venho buscando isso a muito tempo."
Anderson também pediu respeito a Weidman e afastou a ideia de uma
possível revanche. "Eu trabalhei duro para estar aqui, respeito muito os
Estados Unidos, o UFC, mas Chris Weidman é o melhor hoje. Estou muito
cansado, preciso descansar. Tenho mais dez lutas no contrato, mas eu não
luto mais pelo cinturão", revelou o brasileiro.
CHARLES DO BRONX - O brasileiro Charles do Bronx não venceu Frankie
Edgard, mas foi responsável por uma das melhores lutas do evento em Las
Vegas. O paulista peso-pena, nascido no Guarujá, deu bastante trabalho
ao experiente norte-americano, acostumado a entrar no octógono para
disputar o cinturão.
A luta foi movimentada do primeiro ao último round e levantou o
público. O primeiro round foi equilibrado, com vantagem para o Edgard. O
segundo teve franca troca de golpes e terminou com uma queda fantástica
aplicada pelo norte-americano no brasileiro, que surpreendeu ao prender
o adversário com uma guilhotina. A volta para o terceiro e último round
foi carregada de expectativas, e quem levou a melhor por decisão
unânime dos jurados foi Frankie Edgard (30 a 27, 29 a 28 e 30 a 27).
Mesmo com a derrota, o bom desempenho do brasileiro chamou a atenção,
e Edgard reconheceu a grandeza do rival. "Estou acostumado com lutas de
cinco rounds. Eu achei que tivesse o machucado, mas ele é muito duro, é
um adversário incrível."
ROGER GRACIE - O brasileiro Roger Gracie não teve uma boa estreia no
UFC. Primeiro representante do País a lutar no card principal, ele subiu
no octógono com a maioria da torcida do seu lado. Mas não demorou muito
para as vaias começarem.
Gracie se saiu melhor no primeiro round, mas o californiano Tim
Kennedy conseguiu manter o domínio da luta nos outros dois. O duelo
morno entre os lutadores não agradou a torcida. Visivelmente cansado, o
brasileiro não conseguiu fazer muita coisa no terceiro e último round,
deixando o caminho aberto para os jurados darem vitória para o
norte-americano por decisão unânime (30 a 27, 30 a 27 e 29 a 28).
GABRIEL NAPÃO - Foi quase que num piscar de olhos que Gabriel Napão
nocauteou Dave Herman no card preliminar. Aos 17 segundos do primeiro
round, o brasileiro acertou uma sequência de socos no norte-americano,
que só foram interrompidos pelo juiz.
O norte-americano chegou a acertar um chute na perna de Napão, que
logo reagiu com um soco de direita no queixo do rival. O lutador carioca
derrubou o adversário, e bastaram quatro golpes no solo para o árbitro
encerrar a luta dos pesos-pesados.
EDSON BARBOZA x RAFAELLO TRATOR - Os primeiros brasileiros a entrar
no octógono na noite de sábado em Las Vegas duelaram entre si. Edson
Barboza nocauteou Rafaello Trator com um chute baixo de direita no
segundo round. Chutes, aliás, não faltaram. Barboza acertou 31 em
Trator. "Minhas mãos não estavam como eu queria, então reforcei os
chutes", disse o lutador carioca.