Com previsão de investir
R$ 972 milhões no sistema de mobilidade urbana de Salvador, com obras
que englobam a construção e ampliação de avenidas e viadutos, o governo
do Estado pretende, segundo o secretário da Casa Civil do governo do Estado, Rui Costa,
articular a viabilidade de parcerias administrativas com a nova gestão
da capital baiana, que a partir de janeiro tem como prefeito o deputado
federal ACM Neto (DEM).
Rui Costa afirmou à Tribuna que algumas intervenções estarão
articuladas com o metrô, nas linhas 1 (até Pirajá) e 2 (Paralela - Lauro
de Freitas) e irão depender do diálogo com a prefeitura.
Apontado como um dos nomes para sucessão estadual em 2014, Rui Costa
tem sido o anunciador e articulador dos mairoes projetos do Estado,
assumindo uma posição estratégica com vistas ao processo eleitoral,
segundo avaliação de bastidores. Mas ele prefere não tratar do assunto e
apenas sedimentar a imagem de um gestor que tem a exata visão dos
problemas do Estado e foca, neste momento, na capital, pelo estado que
ela se encontra, principalmente no quesito mobilidade urbana.
Segundo Costa, foram positivas as primeiras conversas sobre o assunto
com a equipe de transição do novo prefeito do município, que está a um
passo de entregar a concessão do metrô para o Estado.
Em crítica à resistência do atual prefeito João Henrique (PP) em
assinar a transferência do metrô calça-curta, que está pronto até a
Rótula do Abacaxi, o titular da Casa Civil sinalizou a expectativa de
boas relações com a futura administração.
“Nós não conseguimos junto ao ente municipal fluir no ponto de vista
de uma parceria administrativa que viabilizasse essas obras. Está a
questão do metrô”, disse.
As ações para ajudar a melhorar o trânsito na cidade
vem de longe. Em 2009 a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) e a
prefeitura municipal chegaram a apontar para uma parceria que teria a
intenção de propor um conjunto de investimentos em infraestrutura viária
e equipamentos urbanos, mas não houve avanços.
“A verdade é que nós naquela época não conseguimos desenvolver os
projetos em função da dificuldade de relacionamento com a prefeitura.
Tivemos que desenvolver agora e essa execução nós vamos fazer pelo
Estado. Elas estão articuladas ao sistema de transporte principal que é o
metrô. De alguma forma, o arranjo, o traçado, dependem do metrô”,
frisou.
Segundo Rui Costa, como o processo de licitação do metrô não evoluiu
este ano, a perspectiva é de que a questão seja resolvida a partir de
agora. “Estamos só aguardando a assinatura da prefeitura para lançar o
edital de licitação. Estamos conversando e eles querem transferir o trem
do subúrbio que nós dissemos que aceitamos e vamos a partir disso
retomar o transporte metropolitano de trem. Faremos o trem voltar a
circular em toda a Região Metropolitana, passando por Santo Amaro,
Camaçari, Catu, Pojuca, Alagoinhas”, afirmou.
Nesse contexto entraria a relação com a prefeitura, já que algumas obras de avenidas estão atreladas ao sistema metroviário.
Em conversa com a reportagem da Tribuna, o secretário explicou que o
objetivo das obras (incluindo aquelas bastante prometidas pela campanha
petista na eleição municipal, como a construção da Avenida 29 de Março)
será viabilizar a integração dos modais, nesse caso, o metrô e o BRT.
Integram o complexo de viadutos do Imbuí - Narandiba, marginais do CAB – paralelas à Paralela.
São elas:
-- A duplicação da Avenida Pinto de Aguiar, no valor de R$ 67 milhões
-- A duplicação da Avenida Pinto de Aguiar, no valor de R$ 67 milhões
-- Duplicação da Avenida Gal Costa e túneis de ligação com a Avenida Pinto de Aguiar – R$ 188 milhões
-- Duplicação da Avenida Orlando Gomes – R$ 96 milhões
-- Construção da Avenida 29 de Março - R$ 461 milhões
-- Construção da Ligação Multimodal Lobato x Pirajá – R$ 160 milhões.
Conforme Rui Costa, o investimento
é alto e valor depende do volume de desapropriações. Somente no caso da
Avenida 29 de Março serão 600 imóveis a serem desapropriados.
Os recursos são do governo federal, PAC da Mobilidade Urbana.
Para a Copa de 2014 a possibilidade é de que esteja pronto o complexo
de viadutos do Imbuí, primeiro a entrar em licitação, já agora em
janeiro. “Mas, a principal delas é o funcionamento do metrô. Não existe
cidade com 3 milhões de habitantes apenas com o transporte individual e
coletivo precário como é o de Salvador. Evidente que obras viárias
ajudam e outras intervenções como sinaleiras inteligentes, mas se trata
sim de colocar em funcionamento o transporte de massa”, arremata Rui
Costa.
Outras obras
Além das vias que serão construídas, o secretário Rui Costa destaca
outras obras que irão ajudar na dinâmica do trânsito e que poderão
impactar de forma positiva a partir da Copa das Confederações em 2013 e
no Mundial de 2014. Ele cita as melhorias no receptivo do Porto de
Salvador, como um dos investimentos a serem feitos em Salvador, que já
devem ser desfrutados, durante o evento daqui a dois anos.
“Vamos melhorar toda a região entre o Porto e a Arena Fonte
Nova. Já estamos recuperando todo o trecho. Vamos melhorar a
acessibilidade para deficientes, requalificar os passeios. Na melhoria
do receptivo no Porto, o objetivo é fazer com que os visitantes possam
circular a pé até o estádio. É um percurso que a primeira vista parece
distante, mas não é. O turista vai poder sair do Porto, pegar o Elevador
Lacerda, depois seguir em direção a Fonte Nova. Esse trecho será
recuperado nesse intuito. Depois, acabando o jogo eles vão voltar para o navio andando também se quiserem”, projetou.
O secretário destacou que outras intervenções a serem feitas pela
prefeitura poderão contribuir e sugeriu iniciativas “mais simples”, como
a instalação de sinaleiras inteligentes, e a construção de baias para
ônibus como soluções que podem minimizar o efeito caótico do trânsito.
“Há lugares como o Nordeste Amaralina, Brotas e Pau da Lima, onde não
houve planejamento e as ruas são estreitas, que quando os ônibus param
nos pontos todo o trânsito para. Questões como essas poderiam
solucionar”, citou.
Em tempos de dificuldade com o sistema ferryboat, a ponte
Salvador-Itaparica continua sendo apontada como a grande aposta de
solução, conforme sinaliza o secretário. Ele admite que a perspectiva é
de demora para que a obra seja concretizada, mas garante que o governo
tem trabalhado para viabilizar o empreendimento. Segundo o titular, a
previsão é de que a gestão tenha condições de licitar a intervenção em
2014. “Obras dessa grandeza demoram. Trata-se de um projeto de algo em
torno de R$ 6 bilhões. O Estado da Bahia não tem recursos para
construir, e o governo orienta para que busquemos parceiros privados”,
afirmou.
Conforme Costa, o governo contratou uma consultoria para estudar o
projeto da ponte. “Qualquer projeto tem que está bastante detalhado, e
tem que está comprovada a sua atratividade. A viabilidade da ponte não
está apenas na construção. Precisamos do arranjo que envolva os
municípios do entorno da Ilha”, afirmou, destacando que esse formato
será ajustado nos próximos 13 meses, com estratégias sendo trabalhadas
pelo governo do Estado e os municípios de Vera Cruz e Itaparica.