União indeniza diretor com R$ 596 mil e pensão vitalícia de R$ 5.000 por perseguição
“O dia 7 de abril de 2010 é um dia histórico!”. Foi assim que o diretor teatral José Celso Martinez Corrêa, 73 anos, definiu esta quarta-feira (7), quando recebeu o pedido de perdão do Estado brasileiro por ser vítima de perseguição durante a ditadura militar (1964-1985).
Na sede do Teatro Oficina, no bairro do Bixiga, região central de São Paulo, ele recebeu por unanimidade do conselho da Comissão de Anistia Política do Ministério da Justiça indenização de R$ 596.083,33 retroativa a 5 de julho de 2001, além de pensão vitalícia de R$ 5.000, como reparação por males feitos ao artista e à sua companhia pelo Estado.
O R7 acompanhou a solenidade de julgamento do pedido de indenização feito por Zé Celso em 2001. Foi a primeira vez que uma sessão oficial do Ministério da Justiça foi realizada em um teatro. Assim que acabou a cerimônia, o R7 perguntou ao diretor o que ele pretende fazer com a quantia. Irreverente, respondeu:
- Sou uma pessoa cara. Gosto de vinho e maconha [risos]. R$ 500 mil dá para fazer muita coisa... Vou fazer muita coisa por mim, porque eu preciso me cuidar, meus remédios são caros, já que tenho problema no coração, e também vou fazer muito pelo meu teatro. É uma vitória coletiva, porque sempre trabalhei em equipe.
A cerimônia foi toda feita ao ritmo do teatro que Zé Celso pratica há 51 anos. O Hino Nacional foi cantado em vários ritmos, indo da bossa nova, ao samba-enredo, passando pelo rock. Ao ver um vídeo que relembrou os horrores da ditadura, o diretor, que chegou a ser torturado durante o regime, chorou.
O presidente da Comissão da Anistia, Paulo Abraão Pires Jr., contou que ela existe desde 2001. A partir de 2007, as sessões de julgamento dos processos concedidos ocorrem em espaços públicos como forma de reavivar no povo brasileiro a memória dos anos de chumbo.
- A reparação econômica a essas pessoas é apenas um aspecto da reparação moral. Já recebemos 60 mil pedidos de indenização, dos quais 50 mil foram apreciados e 30 mil foram reconhecidos como sendo vítimas de perseguição por parte do Estado.
Durante seu discurso, Zé Celso disse que deve “à maconha 40 anos de vida muito inspirados”. Segundo ele, que é neto de uma índia, os rituais indígenas são a razão de sua vitalidade.
- Todo dia eu faço duas coisas: queimo um baseado e tomo guaraná em pó.
Zé Celso citou a briga com o Grupo Silvio Santos pelo terreno no entorno do Teatro Oficina como sendo “a briga entre Davi e Golias”. E defendeu a nudez dos atores de seu grupo como sendo resultado de uma busca estética antropofágica, na qual “todos precisam se comer e serem comidos”.
O diretor ainda criticou o fato de o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) não ter tombado ainda o entorno de seu teatro. Ele elogiou a gestão do governo Lula e do ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, mas alfinetou os oito anos de Fernando Henrique Cardoso na Presidência. O artista ainda aproveitou para protestar contra o ditador cubano Fidel Castro:
- Se eu fosse amigo de Fidel, como é o Gabriel García Márquez, o Frei Betto e o Lula, eu diria para ele ter um grande gesto antes da morte e liberar logo essa ilha, senão ele vai morrer como Batista [o ditador Fulgencio Batista, deposto pela Revolução Cubana de 1959]. Cuba libre já!
“O dia 7 de abril de 2010 é um dia histórico!”. Foi assim que o diretor teatral José Celso Martinez Corrêa, 73 anos, definiu esta quarta-feira (7), quando recebeu o pedido de perdão do Estado brasileiro por ser vítima de perseguição durante a ditadura militar (1964-1985).
Na sede do Teatro Oficina, no bairro do Bixiga, região central de São Paulo, ele recebeu por unanimidade do conselho da Comissão de Anistia Política do Ministério da Justiça indenização de R$ 596.083,33 retroativa a 5 de julho de 2001, além de pensão vitalícia de R$ 5.000, como reparação por males feitos ao artista e à sua companhia pelo Estado.
O R7 acompanhou a solenidade de julgamento do pedido de indenização feito por Zé Celso em 2001. Foi a primeira vez que uma sessão oficial do Ministério da Justiça foi realizada em um teatro. Assim que acabou a cerimônia, o R7 perguntou ao diretor o que ele pretende fazer com a quantia. Irreverente, respondeu:
- Sou uma pessoa cara. Gosto de vinho e maconha [risos]. R$ 500 mil dá para fazer muita coisa... Vou fazer muita coisa por mim, porque eu preciso me cuidar, meus remédios são caros, já que tenho problema no coração, e também vou fazer muito pelo meu teatro. É uma vitória coletiva, porque sempre trabalhei em equipe.
A cerimônia foi toda feita ao ritmo do teatro que Zé Celso pratica há 51 anos. O Hino Nacional foi cantado em vários ritmos, indo da bossa nova, ao samba-enredo, passando pelo rock. Ao ver um vídeo que relembrou os horrores da ditadura, o diretor, que chegou a ser torturado durante o regime, chorou.
O presidente da Comissão da Anistia, Paulo Abraão Pires Jr., contou que ela existe desde 2001. A partir de 2007, as sessões de julgamento dos processos concedidos ocorrem em espaços públicos como forma de reavivar no povo brasileiro a memória dos anos de chumbo.
- A reparação econômica a essas pessoas é apenas um aspecto da reparação moral. Já recebemos 60 mil pedidos de indenização, dos quais 50 mil foram apreciados e 30 mil foram reconhecidos como sendo vítimas de perseguição por parte do Estado.
Durante seu discurso, Zé Celso disse que deve “à maconha 40 anos de vida muito inspirados”. Segundo ele, que é neto de uma índia, os rituais indígenas são a razão de sua vitalidade.
- Todo dia eu faço duas coisas: queimo um baseado e tomo guaraná em pó.
Zé Celso citou a briga com o Grupo Silvio Santos pelo terreno no entorno do Teatro Oficina como sendo “a briga entre Davi e Golias”. E defendeu a nudez dos atores de seu grupo como sendo resultado de uma busca estética antropofágica, na qual “todos precisam se comer e serem comidos”.
O diretor ainda criticou o fato de o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) não ter tombado ainda o entorno de seu teatro. Ele elogiou a gestão do governo Lula e do ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, mas alfinetou os oito anos de Fernando Henrique Cardoso na Presidência. O artista ainda aproveitou para protestar contra o ditador cubano Fidel Castro:
- Se eu fosse amigo de Fidel, como é o Gabriel García Márquez, o Frei Betto e o Lula, eu diria para ele ter um grande gesto antes da morte e liberar logo essa ilha, senão ele vai morrer como Batista [o ditador Fulgencio Batista, deposto pela Revolução Cubana de 1959]. Cuba libre já!
Zé Celson - chora na solenidade do Teatro Oficina
Fonte - r7.com