Ela é a mulher mais poderosa dos Estados Unidos. Talvez de todo o mundo. A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que nesta quarta-feira (3) se reúne com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, viveu oito anos na Casa Branca, durante o mandato de seu marido, o ex-presidente Bill Clinton (1993-2001). Ela bem que lutou para recuperar o endereço, tentando ser a primeira mulher presidente do país. Acabou perdendo a batalha dentro do partido Democrata para Barack Obama, mas virou a chefe da poderosa diplomacia americana. Hillary, de 62 anos, nasceu no Estado de Illinois, onde Obama fez sua carreira política. Dois anos após se formar em direito, ela foi para Arkansas, no sul dos EUA. Por lá se casou com Clinton, em 1976, e se tornou uma advogada bem-sucedida. A única filha do casal é Chelsea, hoje com 29 anos. O marido se tornou governador do Estado, e o pulo para a Casa Branca foi uma questão de tempo e de muito trabalho do casal, visto como tão ambicioso quanto talentoso. A atual secretária de Estado teve grande influência no governo do marido. Por isso, foi tachada de palpiteira em vários momentos e comparada a Eleanor Roosevelt, mulher do presidente Franklin D. Roosevelt (1933-1945). A própria Hillary, aliás, disse certa vez numa entrevista que tinha conversas imaginárias com a ex-primeira-dama na Casa Branca, sob orientação de um consultor psicológico. Uma das principais bandeiras de Hillary na gestão do marido foi a reforma da saúde, que Clinton não conseguiu implementar e que agora Obama pena para aprovar no Congresso. Mas o principal desafio enfrentando pela então primeira-dama se deu dentro da própria Casa Branca. Em 1998, a estagiária Monica Lewinsky revelou que havia feito sexo oral com o presidente, provocando um escândalo que abalou os EUA e quase acabou no impeachment de Clinton. Mais tarde, Hillary deu declarações públicas "perdoando" o marido, o que lhe rendeu popularidade, no que foi visto como uma estratégia de relações públicas. Mas parece que Clinton não aprendeu a lição: segundo o livro Game Change, publicado recentemente, o ex-presidente deu suas escapadelas durante a pré-campanha de Hillary à Casa Branca, em 2008. Hillary ganha luz própria Se antes Hillary era apenas a influente e palpiteira primeira-dama, no ano 2000, ao fim do governo do marido, ela mudou seu domicílio eleitoral para Nova York e se candidatou ao Senado. Venceu e começou a pavimentar seu caminho para se tornar a primeira mulher presidente dos EUA. Senadora atuante, foi bastante crítica aos dois mandatos do presidente republicano George W. Bush (2001-2009), embora tenha votado a favor da invasão do Afeganistão, em 2001, e do Iraque, em 2003. Com os EUA de Bush atolados na guerra e prestes a mergulhar na crise econômica, não parecia haver obstáculos a Hillary no seu caminho até a Casa Branca. Ela despontou como favorita entre os pré-candidatos democratas. Só não esperava competir com o fenômeno Obama. Durante a primeira metade de 2008, os dois se enfrentaram nas campanhas primárias para ver quem seria o candidato democrata. A habilidade de Obama e sua bem sucedida estratégia de comunicação e arrecadação de fundos na internet deram a ele a vitória, e Hillary, depois de relutar, decidiu apoiar o candidato que se tornaria o primeiro negro a presidir os EUA. Antes da posse de Obama houve muitas especulações sobre se Hillary ganharia algum posto no governo, afinal ela não poderia ser uma "ministra" (nos EUA chamada de secretária) qualquer. Contrariando as expectativas de muitos, Obama fez de Hillary a chefe da diplomacia americana. É nesse papel que ela chega ao Brasil, trazendo assuntos difíceis, como a defesa de sanções ao Irã, enquanto o Brasil defende mais negociação em relação ao controverso programa nuclear iraniano. A visita também acontece em um momento em que a política externa de seu “chefe” se aproxima mais da que ela mesma defendeu durante a campanha primária, com uma abordagem mais dura dos que são identificados como possíveis inimigos dos EUA. Obama defendia maior ênfase no diálogo, mas o aparente fracasso das negociações com o Irã levou o governo americano a falar abertamente em novas e duras sanções. Enquanto busca dar o tom da política externa americana, ela precisa, mais uma vez, competir pelas atenções da imprensa com o marido em algumas de suas áreas de atuação. Bill Clinton foi apontado com o representante da ONU (Organização das Nações Unidas) para o Haiti e ganhou as manchetes quando, no ano passado, foi à Coreia do Norte negociar a libertação de duas americanas detidas no país. Outra vez próxima ao poder, Hillary tem conseguido imprimir, por meio da defesa veemente de suas ideias, sua marca na política do governo americano, tentando brilhar como se não houvesse a sombra de um presidente – ou dois.

Fonte - R7.com / Internacional

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